A cúpula nacional do Partido Liberal decidiu nesta terça-feira (2) suspender qualquer possibilidade de aliança política no Ceará que não esteja integralmente alinhada ao projeto da direita conservadora, o que inclui a interrupção de conversas diretas ou indiretas com grupos ligados a Ciro Gomes.
A decisão, tomada em Brasília, foi acompanhada de declarações públicas de Flávio Bolsonaro e do deputado André Fernandes, designado oficialmente para comandar a reorganização do partido no estado.
Ampliando o recado político, o PL formalizou em nota que congelou articulações consideradas desalinhadas com seus princípios ideológicos, reforçando também a suspensão de diálogos com o PSDB, legenda que vem mantendo proximidade histórica com Ciro no Ceará.
“O que está em jogo não é apenas uma eleição, é o rumo ideológico do estado. Não existe espaço para acordos com grupos que representam o que sempre combatemos. O PL quer uma direita forte, sem concessões ao sistema”, afirmou o senador Flávio Bolsonaro.
A fala do deputado ocorre em meio às especulações sobre possíveis composições eleitorais envolvendo nomes do PDT e aliados históricos de Ciro, cenário que agora é descartado pela decisão nacional do partido.
No mesmo dia, o PL divulgou uma nota oficial confirmando que a decisão não parte do diretório local, mas da própria cúpula nacional do partido:
‘A cúpula nacional do Partido Liberal se reuniu para avaliar o cenário político no Ceará. Participaram do encontro o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, a presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, o secretário-geral senador Rogério Marinho, o senador Flávio Bolsonaro e o presidente do PL no Ceará, deputado André Fernandes. Após análise do cenário local, o partido definiu que caberá a André Fernandes a missão de construir uma alternativa viável para a direita no estado, comprometida com os valores conservadores e alinhada ao projeto representado por Jair Bolsonaro. Em razão dessa decisão, ficam suspensas, por ora, as conversas com o PSDB. A estratégia definitiva do partido no Ceará será definida posteriormente, após apresentação e avaliação das propostas conduzidas por André Fernandes pela direção nacional e pela direção estadual.”
Embora o texto destaque o PSDB, a decisão atinge diretamente o campo político de Ciro Gomes, já que a legenda vinha sendo tratada como possível ponte para uma composição mais ampla com setores do PDT e aliados do ex-ministro. Na prática, a suspensão fecha qualquer possibilidade de aproximação indireta.
“O Ceará será uma prioridade para nós. Não vamos mais assistir a esquerda e o velho coronelismo político mandarem no estado. Vamos reconstruir isso com base em valores, ordem e verdade”, afirmou o senador Rogério Marinho após o encontro.
A estratégia agora será desenhada diretamente por André Fernandes, sob supervisão de Valdemar Costa Neto, Flávio Bolsonaro e Rogério Marinho, consolidando o Ceará como uma das frentes prioritárias do bolsonarismo fora do eixo Sul-Sudeste.