Trump libera divulgação de arquivos do caso Epstein: o que acontece agora?

A medida exige que o Departamento de Justiça norte-americano divulgue todos os arquivos relacionados ao caso

Bill Clinton e príncipe da Inglaterra aparecem em lista de pessoas ligadas a Jeffrey Epstein

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou nessa quarta-feira (19) a divulgação de todos os arquivos relacionados ao caso do financista condenado por abuso sexual Jeffrey Epstein.

A medida exige que o Departamento de Justiça norte-americano divulgue todos os arquivos investigativos, documentos e outros materiais sobre o caso, com algumas exceções. O prazo é de até 30 dias depois de se tornar lei.

A divulgação do material pode esclarecer as atividades de Epstein e também as pessoas que têm ligação com ele. Trump convivia frequentemente com o financista antes dele ser condenado por aliciamento de menores para prostituição em 2008.

A divulgação pode não ser completa, uma vez que há alguns materiais que podem afetar uma investigação ordenada por Trump contra figuras democratas associadas a Epstein.

A identidade de todas as vítimas que têm nome nos documentos serão preservadas, segundo a procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi.

Trump libera arquivos

Em uma publicação no Truth Social, Trump anunciou nessa quarta-feira (19) que sancionou o projeto de lei que orienta o Departamento de Justiça a divulgar publicamente todos os arquivos relacionados a Jeffrey Epstein.

Ele apresentou a medida como um esforço de transparência e criticou os democratas por suas associações passadas com Epstein. “Acabei de assinar o projeto de lei para divulgar todos os arquivos de Epstein”, escreveu o presidente.

“Os democratas têm usado a questão ‘Epstein’, que os afeta muito mais do que o Partido Republicano, para tentar desviar a atenção de nossas incríveis vitórias”, acrescentou.

Câmara aprova publicação de arquivos

As duas casas legislativas do Congresso dos Estados Unidos votaram a favor, nesta terça-feira (18), de forma arrasadora, do projeto de lei para tornar públicos os arquivos sobre o caso do criminoso sexual Jeffrey Epstein, após Donald Trump retirar sua oposição a essa medida.

Os senadores aprovaram pela tarde a Lei de Transparência dos Arquivos Epstein em uma votação unânime, depois que o texto havia passado mais cedo pela Câmara dos Representantes.

A lei obriga o Departamento de Justiça a publicar documentos não confidenciais da investigação sobre o financista e sua morte na prisão.

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E-mails comprometedores

Cerca de 20 mil páginas com e-mails de Epstein foram divulgados por congressistas democratas na semana passada, instaurando uma crise no governo americano. Trump e Epstein foram amigos de 1990 a 2000.

O e-mais incluem uma mensagem na qual Epstein diz que Trump “sabia sobre as garotas”, referindo-se à alegação do presidente de que teria expulsado o financista de seu clube Mar-a-Lago por assediar funcionárias jovens.

“Eu sei quanto Donald é sujo”, escreveu Epstein em um e-mail enviado a um ex-conselheiro da Casa Branca em 2018. Epstein também falou sobre o estado mental de Trump naquele mesmo ano.

Trump nega veementemente as acusações de ligação com o caso de Epstein. Já a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que os e-mais não provam nada.

Quem é Jeffrey Epstein

Jeffrey Epstein foi um financista americano bem-sucedido. Ele enriqueceu com seu fundo de investimentos, o “Jeffrey Epstein VI Foundation” e convivia com celebridades, políticos, membros da realeza e outras pessoas de renome e fama mundial.

A situação começou a mudar em 2008, quando ele foi condenado por exploração sexual. Ele pagava garotas menores de idade por massagens a pessoas de seu entorno na Flórida. Um acordo judicial secreto o livrou de um julgamento federal e sentenciou a 13 meses de prisão.

O caso mais ruidoso, no entanto, ocorreu em 2019, quando Epstein foi acusado e preso por organizar uma rede de exploração sexual de menores, com as quais manteve relações sexuais em suas propriedades nos Estados Unidos e em outros países. Nomes famosos fariam parte desta rede, como o do Príncipe Andrew, da Inglaterra.

Epstein cometeu suicídio em 2019, pouco depois de ser preso, antes de ser julgado pelos crimes levantados pelo FBI.

‘Epstein files’

Epstein files’, ou arquivos do caso Epstein, é uma forma de fazer referência às investigações sobre a rede de abuso sexual de menores comandada pelo bilionário.

Há documentos que já foram tornados públicos, como a denúncia do FBI divulgada em 2019 que o tornou réu em Nova York por exploração e tráfico sexual de menores. Outros documentos públicos, segundo a BBC Brasil, são de um processo relacionado a Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein, que era seu ‘braço direito’ nos crimes.

No entanto, para várias figuras proeminentes da direita norte-americana, o governo do país esconde segredos e documentos relacionados a Jeffrey Epstein. A CNN Brasil explica que, de acordo com essa teoria da conspiração, o governo norte-americano estaria encobrindo uma lista de homens poderosos, uma espécie de “lista de clientes”, ligados a Epstein.

Trump deu força à teoria conspiratória ainda durante as eleições, quando falou em 2024 sobre a possibilidade de divulgar mais arquivos do governo dos EUA sobre o caso.

Saiba mais sobre o caso Epstein e polêmicas com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump:

Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.

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