Conselheiro da OpenAI renuncia ao cargo após divulgação de troca de e-mails com Epstein

Larry Summers fez comentários sexistas em conversas com Epstein e pediu conselhos amorosos a ele

(ARQUIVO) O ex-secretário do Tesouro dos EUA, Larry Summers, discursa durante a Cúpula Econômica Mundial em Washington, DC, em 17 de abril de 2024.

O conselheiro da OpenAI, Larry Summers, renunciou ao cargo nos Estados Unidos após a divulgação de uma troca de e-mails com Jeffrey Epstein, criminoso sexual condenado e morto na prisão em 2019.

“Em linha com o anúncio do meu afastamento dos meus compromissos públicos, também decidi renunciar ao conselho da OpenAI”, disse o ex-conselheiro em comunicado nesta quarta-feira (19).

“Sou grato pela oportunidade de ter servido, estou entusiasmado com o potencial da empresa e ansioso para acompanhar o seu progresso”, acrescentou.

Larry Summers foi economista de Harvard e ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos. Na semana passada, foi o centro das atenções ao ter e-mails que trocava com Epstein divulgados. Nas mensagens, havia comentários sexistas e pedidos de conselhos amorosos a Epstein.

O Conselho de Administração da OpenAI afirmou, em comunicado, que respeitava a decisão de Summers em renunciar ao cargo. “Agradecemos suas inúmeras contribuições e a perspectiva que ele trouxe ao Conselho”, dizia a nota.

Summers, além de atuar no governo americano nos mandatos de Bill Clinton e Barack Obama, foi presidente de Harvard. Em 2006, renunciou ao cargo após sofrer grande pressão em meio a várias controvérsias. Ingressou no conselho da OpenAI em 2023.

Câmara aprova publicação de arquivos

As duas casas legislativas do Congresso dos Estados Unidos votaram a favor, nesta terça-feira (18), de forma arrasadora, do projeto de lei para tornar públicos os arquivos sobre o caso do criminoso sexual Jeffrey Epstein, após Donald Trump retirar sua oposição a essa medida.

Os senadores aprovaram pela tarde a Lei de Transparência dos Arquivos Epstein em uma votação unânime, depois que o texto havia passado mais cedo pela Câmara dos Representantes.

A lei obriga o Departamento de Justiça a publicar documentos não confidenciais da investigação sobre o financista e sua morte na prisão.

E-mails comprometedores

Cerca de 20 mil páginas com e-mails de Epstein foram divulgados por congressistas democratas na semana passada, instaurando uma crise no governo americano. Trump e Epstein foram amigos de 1990 a 2000.

O e-mais incluem uma mensagem na qual Epstein diz que Trump “sabia sobre as garotas”, referindo-se à alegação do presidente de que teria expulsado o financista de seu clube Mar-a-Lago por assediar funcionárias jovens.

“Eu sei quanto Donald é sujo”, escreveu Epstein em um e-mail enviado a um ex-conselheiro da Casa Branca em 2018. Epstein também falou sobre o estado mental de Trump naquele mesmo ano.

Trump nega veementemente as acusações de ligação com o caso de Epstein. Já a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que os e-mais não provam nada.

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Quem é Jeffrey Epstein

Jeffrey Epstein foi um financista americano bem-sucedido. Ele enriqueceu com seu fundo de investimentos, o “Jeffrey Epstein VI Foundation” e convivia com celebridades, políticos, membros da realeza e outras pessoas de renome e fama mundial.

A situação começou a mudar em 2008, quando ele foi condenado por exploração sexual. Ele pagava garotas menores de idade por massagens a pessoas de seu entorno na Flórida. Um acordo judicial secreto o livrou de um julgamento federal e sentenciou a 13 meses de prisão.

O caso mais ruidoso, no entanto, ocorreu em 2019, quando Epstein foi acusado e preso por organizar uma rede de exploração sexual de menores, com as quais manteve relações sexuais em suas propriedades nos Estados Unidos e em outros países. Nomes famosos fariam parte desta rede, como o do Príncipe Andrew, da Inglaterra.

Epstein cometeu suicídio em 2019, pouco depois de ser preso, antes de ser julgado pelos crimes levantados pelo FBI.

‘Epstein files’

Epstein files’, ou arquivos do caso Epstein, é uma forma de fazer referência às investigações sobre a rede de abuso sexual de menores comandada pelo bilionário.

Há documentos que já foram tornados públicos, como a denúncia do FBI divulgada em 2019 que o tornou réu em Nova York por exploração e tráfico sexual de menores. Outros documentos públicos, segundo a BBC Brasil, são de um processo relacionado a Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein, que era seu ‘braço direito’ nos crimes.

No entanto, para várias figuras proeminentes da direita norte-americana, o governo do país esconde segredos e documentos relacionados a Jeffrey Epstein. A CNN Brasil explica que, de acordo com essa teoria da conspiração, o governo norte-americano estaria encobrindo uma lista de homens poderosos, uma espécie de “lista de clientes”, ligados a Epstein.

Trump deu força à teoria conspiratória ainda durante as eleições, quando falou em 2024 sobre a possibilidade de divulgar mais arquivos do governo dos EUA sobre o caso.

Saiba mais sobre o caso Epstein e polêmicas com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump:

*Com informações da CNN

Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.

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