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Trump processa jornal e pede US$ 10 bilhões por suposta carta ligada a Jeffrey Epstein

Presidente dos EUA acionou a justiça contra o jornal Wall Street Journal por divulgar o conteúdo de uma suposta carta que ele teria enviado ao bilionário Jeffrey Epstein

Donald Trump processa o jornal ‘Wall Street Journal’

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está processando o jornal Wall Street Journal, um dos mais influentes do país, por divulgar o conteúdo de uma suposta carta que ele teria enviado ao bilionário Jeffrey Epstein, preso por exploração sexual de menores.

Além do jornal, Trump também acusa o empresário Rupert Murdoch, proprietário do veículo, e dois repórteres que assinam a reportagem. A ação foi protocolada nessa sexta-feira (18), o presidente pediu pelo menos US$ 10 bilhões (R$ 55,8 bilhões) em danos.

A suposta carta enviada a Epstein

De acordo com o “G1", com base na reportagem publicada pelo Wall Street Journal, a carta foi enviada em 2003, quando a então parceira de Epstein pediu a amigos que escrevessem mensagens para celebrar os 50 anos do bilionário. A publicação afirma que Donald Trump teria enviado uma mensagem que continha um desenho representando uma mulher nua, com a assinatura “Donald” posicionada no lugar dos pelos pubianos. A mensagem dizia: “Feliz aniversário e que cada dia seja outro maravilhoso segredo.”

De acordo com o jornal, o conteúdo foi analisado por investigadores do Departamento de Justiça anos atrás.

Trump nega completamente a autoria da carta. Ele declarou que não escreveu a mensagem, que aquelas não são suas palavras e que ele não desenha.

Nesse sábado (19), diversos jornais norte-americanos publicaram uma série de desenhos de prédios feitos por Trump, como forma de comparação com o estilo da ilustração presente na carta.

A ideia é tentar verificar se há semelhança entre os traços usados por Trump em projetos antigos e o desenho encontrado na mensagem supostamente enviada a Epstein.

Trump x apoiadores: decaída do movimento MAGA

Esse episódio acontece em um momento delicado para Trump, já que o caso de Jeffrey Epstein tem causado polêmica dentro do movimento MAGA (“Make America Great Again” — “Faça a América Grande de Novo”). Muitos dos apoiadores do presidente vêm cobrando há meses a divulgação de documentos relacionados ao caso, especialmente uma suposta lista de clientes de Epstein, que incluiria nomes de autoridades e figuras influentes da sociedade americana.

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Trump chegou a prometer que revelaria essa lista, mas voltou atrás recentemente. Desde então, passou a criticar publicamente os apoiadores que continuam cobrando a divulgação. Em uma de suas declarações mais polêmicas, chamou seus próprios simpatizantes de “estúpidos”.

Como forma de protesto, vários seguidores do movimento MAGA publicaram fotos e vídeos queimando os bonés vermelhos, símbolo da campanha de Trump.

A tensão aumentou ainda mais nos últimos dias com a pressão para que o governo dos Estados Unidos libere os documentos ligados ao caso Epstein. Nesta semana, Trump determinou que a procuradora-geral Pam Bondi fizesse um pedido oficial à Justiça para liberar os depoimentos do processo. O pedido foi feito, mas agora cabe ao juiz responsável decidir se o conteúdo será divulgado e em que parte.

Apesar disso, o Departamento de Justiça agora afirma que a lista de clientes de Epstein não existe.

Caso Jeffrey Epstein

Jeffrey Epstein era um bilionário que frequentava os círculos mais poderosos dos Estados Unidos. Foi preso pela primeira vez em 2008 por abuso sexual de menores e, em 2019, voltou a ser detido por tráfico sexual. Ele foi encontrado morto em sua cela no Centro Correcional Metropolitano de Nova York em 10 de agosto de 2019, enquanto aguardava julgamento. As autoridades afirmam que ele se suicidou, mas muitos acreditam que ele foi assassinado para impedir revelações comprometedoras.

Há registros de fotos de Trump ao lado de Epstein entre os anos de 1990 e o começo dos anos 2000, o que contribui para o envolvimento do presidente nas teorias em torno do caso.

‘Epstein files': o que é o arquivo do bilionário Jeffrey Epstein, citado por Elon Musk, que pode ter nome de Donald Trump

Após o anúncio do processo, o Wall Street Journal afirmou que irá se defender “vigorosamente” das acusações feitas por Trump. O jornal é de propriedade de Rupert Murdoch, que também foi citado na ação como responsável pela publicação do conteúdo considerado difamatório.

* Sob supervisão de Edu Oliveira

Izabella Gomes é estagiária na Itatiaia, atuando no setor de Jornalismo Digital, com foco na editoria de Cidades. Atualmente, é graduanda em Jornalismo pela PUC Minas