Caso Epstein: ao menos 8 mil documentos são divulgados em meio a críticas à Justiça dos EUA

O departamento foi criticado por supostamente ter retido informações e ter demorado a divulgar os documentos do caso

Bill Clinton e príncipe da Inglaterra aparecem em lista de pessoas ligadas a Jeffrey Epstein

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou ao menos 8 mil novos documentos sobre o caso Epstein até esta terça-feira (23), constatou a Agence France Presse (AFP).

O departamento foi criticado por supostamente ter retido informações e ter demorado a divulgar os documentos do caso. Eles deveriam ter sido divulgados até a última sexta-feira (19), o que não foi o caso.

Os arquivos novos têm centenas de vídeos e áudios, incluindo mensagens de agosto de 2019, quando Epstein foi encontrado morto na cela onde estava preso.

Entre os documentos, estavam fotos de pessoas famosas como Bill Clinton, ex-presidente dos EUA, Kevin Spacey, ator, Michael Jackson, cantor, Walter Cronkite, jornalista, e Diana Ross, cantora e atriz. Muitas dessas fotos não retratam atividades sexuais, mas simplesmente algumas pessoas juntas em eventos ou ocasiões públicas.

O Departamento de Justiça continuará divulgando mais documentos nas próximas semanas, mas passarão por revisão antes. “Fotos e outros materiais continuarão sendo revisados e editados de acordo com a lei, por precaução, à medida que recebermos informações adicionais”, publicou o Departamento de Justiça nas redes sociais.

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Trump lamenta dano à reputação de envolvidos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira (22) que lamenta o potencial dano à reputação das pessoas que aparecem nas fotos divulgadas como parte dos arquivos de Epstein. Para ele, os documentos só foram publicados em uma tentativa de desviar a atenção de suas realizações.

“Muita gente está furiosa com a divulgação de fotos de outras pessoas que não tinham absolutamente nada a ver com Epstein. Mas elas aparecem em fotos com ele porque ele estava em uma festa, e vocês arruinaram a reputação de alguém”, disse.

“Muita gente está furiosa com a continuidade disso. Muitos republicanos”, acrescentou.

Trump disse ter “detestado” ver tantas fotos do ex-presidente Bill Clinton nos documentos e, ao ser questionado por fotos suas nos documentos, afirmou que “todo mundo era amigo desse cara” e que ele estava “em todos os lugares em Palm Beach”.

Quem é Jeffrey Epstein

Jeffrey Epstein foi um financista americano bem-sucedido. Ele enriqueceu com seu fundo de investimentos, o “Jeffrey Epstein VI Foundation” e convivia com celebridades, políticos, membros da realeza e outras pessoas de renome e fama mundial.

A situação começou a mudar em 2008, quando ele foi condenado por exploração sexual. Ele pagava garotas menores de idade por massagens a pessoas de seu entorno na Flórida. Um acordo judicial secreto o livrou de um julgamento federal e sentenciou a 13 meses de prisão.

O caso mais ruidoso, no entanto, ocorreu em 2019, quando Epstein foi acusado e preso por organizar uma rede de exploração sexual de menores, com as quais manteve relações sexuais em suas propriedades nos Estados Unidos e em outros países. Nomes famosos fariam parte desta rede, como o do Príncipe Andrew, da Inglaterra.

Epstein cometeu suicídio em 2019, pouco depois de ser preso, antes de ser julgado pelos crimes levantados pelo FBI.

‘Epstein files’

Epstein files’, ou arquivos do caso Epstein, é uma forma de fazer referência às investigações sobre a rede de abuso sexual de menores comandada pelo bilionário.

Há documentos que já foram tornados públicos, como a denúncia do FBI divulgada em 2019 que o tornou réu em Nova York por exploração e tráfico sexual de menores. Outros documentos públicos, segundo a BBC Brasil, são de um processo relacionado a Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein, que era seu ‘braço direito’ nos crimes.

No entanto, para várias figuras proeminentes da direita norte-americana, o governo do país esconde segredos e documentos relacionados a Jeffrey Epstein. A CNN Brasil explica que, de acordo com essa teoria da conspiração, o governo norte-americano estaria encobrindo uma lista de homens poderosos, uma espécie de “lista de clientes”, ligados a Epstein.

Trump deu força à teoria conspiratória ainda durante as eleições, quando falou em 2024 sobre a possibilidade de divulgar mais arquivos do governo dos EUA sobre o caso.

Saiba mais sobre o caso Epstein e polêmicas com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump:

*Com AFP e CNN

Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.

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