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Eleições em BH: relembre sete momentos que marcaram a campanha na capital

Pleito chegou ao fim, mas campanha, que durou pouco mais de três meses, teve momentos marcantes

10 candidatos disputaram a Prefeitura de Belo Horizonte nas eleições de 2024

Brigas, acusações, trocas de farpas e ameaças. As eleições municipais em todo Brasil terminaram, mas a campanha ficou marcada por momentos que ficarão na memória do eleitor.

As pérolas na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte envolvem acusações de tentativas de tomar programas de televisão, ameaça de prisão a candidatos que, depois, se tornaram aliados, ofensas, falsas promessas e mais.

A Itatiaia separou alguns destes momentos.

1. ‘O senhor queria pegar meu programa’

A confusão envolvendo dois conhecidos apresentadores de TV que disputaram a prefeitura de Belo Horizonte aconteceu no debate da Itatiaia promovido no primeiro turno. O deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) e o senador Carlos Viana (Podemos) protagonizaram o momento, quando Tramonte, titular do programa “Balanço Geral”, da TV Record, acusou o colega de tentar ‘roubar’ a atração.

A acusação foi feita em réplica a uma pergunta de Viana, que queria saber sobre a jornada dupla de Tramonte na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e na televisão. “Nós somos apresentadores de televisão, você é um grande apresentador também, graças a Deus. Mas na política é diferente. Você ficava na TV até 15h30 da tarde, e ia pra Assembleia, que parava às 17h, saía correndo. Não é à toa que você faltou em quatro de cada 10 sessões”.

Mauro Tramonte, então, disparou. “O senhor também foi um grande apresentador. Claro que o senhor queria pegar o meu programa de televisão, mas não conseguiu”.

Tramonte se referia ao período em que Viana foi antecessor de Tramonte na apresentação do programa. Em 2007, Viana foi âncora do programa por cerca de um ano, até 2008. A discussão terminou com a sentença do atual titular da atração. “O Balanço Geral o senhor não vai ter”.

Assista:

2. Viana quis “devolver” moradores de rua e colocar letreiro na Serra do Curral

Carlos Viana protagonizou, pelo menos, mais dois momentos marcantes na eleição para a PBH. O senador afirmou, durante uma agenda, que “devolveria” pessoas em situação de rua que quisessem retornar às suas cidades. A polêmica maior ficou por conta do desenvolvimento da ideia.

Viana chegou a chamar os moradores de rua de ‘problema’, culpou prefeitos de outras cidades pelo aumento da população em situação de rua e disse que, caso um município deixasse uma pessoa na cidade, BH mandaria cinco de volta.

“Nas conversas que temos tido com os moradores de rua, percebemos um fenômeno interessante, uma parte é de BH, mas outra parte é do interior. E eles foram mandados para cá pelos prefeitos, gente que pediu ajuda e recebeu uma passagem para BH. Alguns querem voltar. Ótimo. Então, como prefeito eu vou deixar claro o seguinte: quem é de BH, precisa de ajuda, nós vamos buscar uma recolocação, uma profissão, um apoio psicológico. Mas, quem não é de BH, nós vamos devolver. Já que veio para cá com o prefeito mandou o problema, nós vamos mandar de volta, porque ele tem que buscar solução na casa dele, com a família dele. E o prefeito que insistir e nós identificarmos isso, como identifiquei ontem, nós vamos mandar é cinco de volta. Se ele mandar um problema para cá, nós vamos mandar cinco de volta”, disse Viana.

O discurso foi ficando moderado ao longo da campanha e Carlos Viana explicou, mais tarde, que o retorno das pessoas para suas cidades de origem seria feito de forma ‘humana’.

Outra ideia de Viana que causou polêmica foi a do letreiro escrito “Belo Horizonte” que o candidato queria instalar na Serra do Curral. A ideia, segundo o senador, era transformar a cidade em uma ‘Hollywood’, em alusão ao letreiro instalado nas montanhas da cidade norte-americana.

“BH vai virar a nossa Hollywood! Vou colocar um letreiro na Serra do Curral para virar um marco para nossa cidade e transformar o Parque das Mangabeiras no UAIOTIM, um centro de arte mineira que vai atrair turistas e valorizar nossa cultura”.

3. Rogério ficou aguardando vinda de Lula

“Sou o candidato do presidente Lula”. Este foi o mantra mais repetido pelo deputado federal Rogério Correia (PT) no primeiro turno das eleições. No começo da campanha, à época em que foi oficializado como o candidato do Partido dos Trabalhadores, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, garantiu que o presidente da República viria a Belo Horizonte para subir ao palanque de Rogério.

O tempo passou e a agenda não foi marcada. Rogério chegou a dizer que a demora se devia à agenda de Lula. A promessa era que a presença do presidente na campanha impulsionaria os votos para o deputado federal. No fim das contas, o presidente não veio e mandou apenas ministros para eventos de campanha do candidato do PT. Rogério terminou o primeiro turno com 4,37% dos votos, na sexta colocação.

4. Gabriel atacante: Engler “baba” e “prefeito molenga”

Gabriel Azevedo, candidato pelo MDB, também protagonizou algumas polêmicas no primeiro turno. Quarto colocado com 10,55% dos votos, o atual presidente da Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte discutiu com Bruno Engler (PL) e disse que o adversário ‘baba’.

“Tem uma diferença substancial, realmente, entre eu e você. Se o Bolsonaro roubar, você vai dizer que não foi bem isso. Se o Bolsonaro matar, você vai dizer que foi sem querer. Você é um grande puxa-saco do Bolsonaro, como o Rogério é um puxa-saco do Lula. Eu não sou. Você sabe o que as pessoas falam de você nos bastidores. Que você é uma pessoa que baba, desprovida de qualquer conhecimento para governar. Você só está candidato porque é bolsonarista. Se um copo resolver ser candidato, um cactus for candidato do Bolsonaro, acaba sendo”.

Gabriel também mirou sua artilharia para Fuad Noman (PSD). Durante o período de seca na cidade, ele chamou o prefeito de ‘molenga’ no enfrentamento do problema.

“Você tem o prefeito que é um molenga, que diante de uma situação que a cidade tá vivendo de emergência [climática], não sentou na mesa, não colocou uma sala de situação para resolver como cuidar das pessoas que estão sofrendo com uma névoa. Alguém viu em algum momento o prefeito falar sobre isso? Viram o prefeito fazer alguma coisa em relação a essa poluição toda? Nada”, explicou.

5. Duda ameaçou futuro aliado: “corre o risco de ser preso”

A candidata Duda Salabert (PDT) questionou algumas ações do prefeito Fuad Noman durante a campanha, especialmente referentes ao seu financiamento de campanha e suas políticas de supressão de árvores. A deputada federal também disse que Fuad era conivente com crimes de tortura ocorridos durante ditadura militar, e foi processada pelas afirmações.

Em outro momento, Duda afirmou que o atual prefeito aumentou os investimentos na campanha por medo de uma eventual prisão em caso de vitória da pedetista. “Eu sei que você está investindo milhões na sua campanha porque tem medo de eu ser eleita. Se eu for eleita, você tem muitas chances de ser preso”, disse ela durante um debate.

No entanto, as rusgas ficaram para trás ao fim do primeiro turno. Duda anunciou que apoiaria a reeleição do prefeito no segundo turno contra Bruno Engler. A decisão foi formalizada durante uma reunião com a cúpula do PDT na capital mineira e oficializada em uma publicação no Instagram de Duda.

“Vencer a ultradireita é, neste momento, uma prioridade”, escreveu a deputada. Fuad, por sua vez, se comprometeu a incorporar propostas de Duda em seu plano de governo.

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6. Kalil irritado com repórter da Itatiaia

Fora da prefeitura de Belo Horizonte desde 2022, quando renunciou ao cargo para concorrer ao governo de Minas pelo PDS, Alexandre Kalil se filiou ao Republicanos e apoiou a candidatura de Mauro Tramonte à PBH. A chapa teve como candidata à vice Luísa Barreto (Novo), secretária de planejamento e gestão do governo Zema, colocando governador eleito e o candidato derrotado no mesmo grupo.

A presença de Kalil nas agendas de campanha se intensificou ao longo das semanas e ficou marcada por um desentendimento com a reportagem da Itatiaia. Durante uma agenda de campanha eleitoral no Instituto de Oncologia Ciências Médicas, na região Centro-sul de Belo Horizonte, Tramonte foi questionado sobre a ausência de Romeu Zema de suas agendas, uma vez que o governador nunca compareceu ao lado do candidato durante a campanha.

O candidato à Prefeitura de Belo Horizonte começou a responder, mas o ex-prefeito interrompeu a entrevista e impediu que Tramonte concluísse a resposta que estava sendo dada à Itatiaia. “Não, não, não. Acabou a entrevista, amigo. Não vem com pegadinha da Itatiaia não”, afirmou.

Confira:

A presença de Kalil na campanha de Tramonte, que chegou a liderar as intenções de voto, ficou marcada também por desentendimentos e abandono de grupo.

7. Calote na dívida e milícias populares

A Itatiaia entrevistou os 10 candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte que concorreram nas eleições de 2024. Uma delas foi Lourdes Francisco (PCO), que defendeu, na entrevista, o armamento da população e a criação de milícias populares.

Segundo a candidata, que foi a menos votada da história da PBH, a ideia parte de uma ideologia trotskista - León Trotsky defendia a organização da classe operária para se defender e conquistar seus direitos.

“A ideia de armamento faz parte do programa do PCO, porque somos Trotskistas, que defende armar a população para enfrentar seus opressores”, disse a candidata do Partido da Causa Operária”.

Lourdes Francisco também defendeu o calote na dívida pública de Minas Gerais para garantir a gratuidade no transporte público.

“Vamos procurar dialogar com o governo estadual para ver a questão da estatização e da gratuidade do transporte. E com o governo federal, pois a dívida pública vai para mão do governo federal, é aí que daríamos o calote, para poder fazer o transporte fluir, melhorar vias, aumentar a frota e para atender com qualidade”, disse.


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Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.