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Copom mantém Selic em 15% pela terceira reunião, e segue com tom cauteloso

Comitê de Política Monetária afirma que taxa de juros estão de acordo com o objetivo de levar a inflação para o centro da meta de 3%

Brasil tem a segunda maior taxa de juros reais do mundo

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom-BC) decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. Segundo comunicado divulgado nesta quarta-feira (5) pelo colegiado, após o fim da reunião, o cenário inflacionário ainda é de incertezas e exige cautela na condução da política monetária.

Entre os argumentos usados para tomar a decisão de não alterar a taxa de referência, os diretores citaram um ambiente externo incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos. Em relação à inflação, a autoridade monetária afirmou que os dados indicam um arrefecimento, mas o índice de preços se mantém acima da meta de 3%.

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“O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 15,00% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, disse o Copom em comunicado.

A manutenção da Selic já era esperada pelo mercado financeiro. A questão era se a nota divulgada pelo Copom daria brecha para um corte de juros na reunião de dezembro. Porém, o que se viu no comunicado foi um colegiado que afirma não hesitar em retomar o ciclo de alta caso julgue apropriado.

“O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, destacou.

Governo pressionava pelo corte

Nos últimos dias, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pressionava o Banco Central por um corte na reunião de novembro. Nessa terça-feira (4), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que se fosse presidente do BC, votaria pela redução da taxa básica de juros.

O petista afirmou que o momento atual da inflação permite a redução, vista por ele como inevitável. “Eu não sou diretor do Banco Central, mas se fosse, votava pela queda, porque não se sustenta 10% de juros reais”, disse o ministro da Fazenda.

Segundo um levantamento da MoneYou e Lev Intelligence, o Brasil tem a segunda maior taxa de juros reais do mundo, com 9,74%. O país está na frente da Rússia (9,10%), que enfrenta uma guerra com a Ucrânia, e a Argentina (5,16%), que ainda passa por uma grave crise econômica. Somente a Turquia tem uma taxa real maior, aos 17,8%.

Em linhas gerais, a taxa de juros real é obtida pelo desconto da inflação da taxa de juros nominal. No caso, com a inflação em 5,17% no acumulado dos últimos 12 meses, e uma Selic em 15%, os juros reais estão estimados em 9,74%.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.