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Haddad defende queda da Selic, e diz que votaria por corte se fosse diretor do BC

Nas vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ministro afirma que manutenção dos juros a 15% ao ano é ‘insustentável’

Ministro diz que corte na Selic é uma questão de razoabilidade

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que votaria pelo corte na taxa básica de juros se fosse diretor do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A autoridade monetária do país se reúne nesta terça (4) e quarta-feira (5) para definir a taxa Selic, atualmente fixada em 15% ao ano.

O petista afirmou que o momento atual da inflação permite a redução, vista por ele como inevitável. “Eu não sou diretor do Banco Central, mas se fosse, votava pela queda, porque não se sustenta 10% de juros reais”, disse o ministro da Fazenda.

Haddad disse que entende a preocupação do Banco Central com a inflação, mas a “dose do remédio não pode se transformar em veneno”. “Eu tenho alergia à inflação, sei o que a inflação provoca na vida das pessoas. Agora, tem uma questão de razoabilidade”, ponderou.

Segundo o Boletim Focus do BC, os economistas do mercado financeiro vêm reduzindo as expectativas para o índice de preços pela sexta semana consecutiva. O relatório divulgado nessa segunda-feira (3), revela uma previsão de inflação próxima do teto da meta de 3%, que possui uma tolerância de 1,5 p.p para cima ou para baixo, a 4,55%.

Porém, o mercado espera um corte na Selic somente em 2026. Segundo a economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitoria, a mudança na reunião do Copom deve ser no tom do comunicado, que nos últimos encontros tem sido muito duro em relação à política monetária.

“O cenário evoluiu de maneira positiva desde a última revisão, não somente com a queda da inflação além do esperado, mas também importante revisão das expectativas, inclusive para os prazos mais longos”, disse.

Mesmo com a leitura mais otimista do cenário macroeconômico, a economista espera que o Copom mantenha uma postura mais cautelosa, mantendo a indicação de juros altos por mais tempo e empurrando o corte para o 1º trimestre de 2026. “O Copom já poderia abrir a porta para iniciar a discussão sobre a flexibilização da política monetária a partir de dezembro, mas deve manter ainda um discurso mais cauteloso”, completou.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.