A criação de sistemas de gestão da qualidade baseados na ISO 9001 não precisa ignorar as particularidades da indústria local. Segundo Christiano Velcosa de Oliveira, instrutor do Senai-MG, a norma permite flexibilidade na forma de implementação, desde que os requisitos sejam atendidos e os processos estejam padronizados de acordo com a realidade de cada empresa.
De acordo com o especialista, o ponto de partida para a implantação do sistema é o comprometimento da alta direção. “Sem o envolvimento da liderança, o sistema não se sustenta”, destaca em conversa com a Itatiaia.
A partir dessa decisão, a empresa pode optar por buscar a certificação formal ou apenas estruturar o sistema com apoio de profissionais especializados.
Entre as etapas iniciais estão o mapeamento de processos, a elaboração do manual do sistema de gestão da qualidade, a definição de procedimentos, políticas internas, análise de riscos, oportunidades e gestão da mudança.
Também fazem parte do processo a criação de instruções de trabalho, procedimentos operacionais padrão (POPs) e a definição de indicadores-chave de desempenho (KPIs) alinhados ao planejamento estratégico da empresa.
Christiano ressalta que, ao considerar as particularidades locais, é necessário avaliar fatores como legislação ambiental, características regionais do trabalho, infraestrutura, partes interessadas, cultura organizacional, sistemas de informação e perfil da empresa.
“A ISO trabalha com foco na padronização para gerar qualidade, independentemente do porte ou da realidade local, mas sempre moldando o sistema à forma como a empresa atua no seu mercado”, explica.
Padronização não significa engessamento
Um dos equívocos mais comuns em relação à ISO 9001 é a ideia de que a norma engessa os processos. Segundo Christiano, o objetivo do sistema é padronizar aquilo que a empresa já faz, e não criar barreiras para a operação. A norma, inclusive, prevê exceções, desde que sejam registradas como não conformidades e devidamente evidenciadas.
“O que não pode acontecer é a empresa ter procedimentos definidos e atuar como se eles não existissem”, afirma. Para o instrutor do Senai-MG, a ausência de padrão compromete diretamente a qualidade e dificulta o crescimento do negócio.
O profissional alerta que muitas empresas buscam a certificação apenas por posicionamento de mercado ou exigência de grandes cadeias produtivas, sem atenção à eficiência dos processos, o que pode trazer resultados negativos.
Desafios estão ligados à cultura organizacional
Entre os principais desafios enfrentados pelas indústrias locais na implantação da ISO 9001 está a resistência às regras auditáveis, especialmente por parte da alta gestão, além das dificuldades relacionadas às pessoas. Christiano observa que é comum colaboradores quererem executar atividades de acordo com experiências anteriores, ignorando o padrão definido pela empresa.
Para ele, é fundamental que os funcionários compreendam que o sistema não reflete preferências individuais, mas sim um processo produtivo padronizado que constrói a identidade da empresa perante o cliente. “Quando o cliente reconhece o padrão e aprova o resultado, isso gera fidelização”, pontua.
Engajamento e melhoria contínua
Para garantir que o sistema de gestão da qualidade seja efetivo e não apenas documental, o envolvimento de líderes e colaboradores é decisivo.
Christiano aponta a conscientização por meio de treinamentos contínuos e o investimento no desenvolvimento profissional como caminhos essenciais. Ele também destaca a importância de trabalhar o clima organizacional, valorizando pessoas e processos.
No monitoramento e na melhoria contínua do sistema ISO 9001, o instrutor do Senai-MG destaca o uso de ferramentas como sistemas de gestão ERP e o acompanhamento sistemático dos KPIs pelos gestores. Indicadores como pesquisa de satisfação dos clientes têm papel central, já que a norma é orientada ao cliente.
Outras metodologias citadas por Christiano incluem o ciclo PDCA, 5S, 5W2H, Kaizen, Lean Manufacturing, auditorias internas, gestão de não conformidades e ferramentas da qualidade, como fluxogramas e o diagrama de Ishikawa. “Esses métodos ajudam a manter o sistema vivo e alinhado à realidade da indústria”, conclui.
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