Lítio, terras raras e cobalto: os minerais que estão moldando o futuro da indústria

A demanda por esses recursos estratégicos está transformando setores-chave e redefinindo cadeias produtivas, com impacto direto na eletrificação e na segurança energética

O lítio, essencial para baterias de longa duração, está no centro da revolução dos veículos elétricos

Com a crescente demanda por veículos elétricos, fontes de energia renovável e sistemas eletrônicos mais eficientes, o lítio, as terras raras e o cobalto se destacam como os minerais essenciais para o futuro da indústria global. Esses recursos não apenas sustentam a transição energética e a digitalização, mas também desempenham um papel crucial na segurança energética global.

À medida que as economias buscam a neutralidade de carbono, a dependência de lítio, terras raras e cobalto cresce de maneira exponencial.

Ítalo Montrazo, consultor comercial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), explica que esses minerais sustentam três pilares tecnológicos fundamentais: armazenamento de energia, conversão eficiente de energia e miniaturização de sistemas eletrônicos.

“Esses minerais estão no centro das tecnologias críticas para a mobilidade elétrica, energia renovável e dispositivos eletrônicos. Eles têm uma aplicação direta em baterias, motores elétricos, turbinas e componentes eletrônicos”, afirma à Itatiaia.

O papel do lítio na revolução das baterias

O lítio se tornou essencial para a produção de baterias de longa duração e veículos elétricos devido às suas características eletroquímicas únicas. O metal possui o maior potencial de redução entre todos os metais, o que permite baterias menores, mais leves e com maior eficiência energética.

Sua baixa massa e alta mobilidade iônica aumentam a velocidade de carregamento, o que contribui para uma experiência mais eficiente para o consumidor.

“Além disso, o lítio mantém estabilidade química durante milhares de ciclos de carga, o que proporciona longa vida útil às baterias. Por isso, ele é fundamental para a indústria de veículos elétricos e continuará a ser, mesmo com os avanços em baterias de estado sólido, que também dependem do lítio”, destaca Montrazo.

Terras raras: a base magnética da modernidade

As terras raras desempenham um papel vital no desenvolvimento de tecnologias que vão desde motores elétricos até turbinas eólicas. O neodímio, por exemplo, é usado na produção de ímãs permanentes que são essenciais para aumentar a eficiência de motores elétricos, incluindo aqueles em veículos elétricos.

“Esses ímãs têm a maior energia magnética por volume de todos os materiais conhecidos, o que torna os motores mais eficientes, menores e mais leves”, explica Montrazo.

Além disso, as terras raras são vitais para o aumento da eficiência das turbinas eólicas e para o desempenho de diversos dispositivos eletrônicos, como sensores, displays e semicondutores. A dependência dessas substâncias está impulsionando uma demanda crescente por elas, o que, por sua vez, está alterando o mercado global.

Cobalto: segurança e desempenho das baterias

O cobalto, frequentemente combinado com lítio em baterias, é essencial para garantir o desempenho e a segurança desses dispositivos. A adição de cobalto nos materiais catódicos das baterias ajuda a aumentar a densidade energética, garantindo que as baterias possam armazenar mais energia em menor espaço.

“O cobalto também desempenha um papel crítico na estabilidade térmica das baterias, evitando falhas como a fuga térmica, que pode resultar em incêndios ou outros problemas de segurança”, afirma Montrazo.

Embora haja esforços para reduzir o uso de cobalto nas baterias, ele ainda é essencial em aplicações que exigem alta densidade energética e segurança, como os veículos elétricos de maior autonomia.

Impactos industriais e geopolíticos

A crescente demanda por lítio, terras raras e cobalto está impactando vários setores industriais, especialmente aqueles ligados à eletrificação e digitalização. A indústria automotiva, por exemplo, é o maior impulsionador dessa demanda, com cada veículo elétrico consumindo dezenas de quilos de lítio e terras raras.

O setor de energia renovável, especialmente a energia eólica, também está vendo um aumento na necessidade desses minerais, pois as turbinas eólicas usam grandes quantidades de ímãs permanentes de terras raras.

A dependência global desses recursos, no entanto, traz desafios significativos para as cadeias de produção. A concentração de reservas de lítio, terras raras e cobalto em poucos países, como China e República Democrática do Congo, cria riscos geopolíticos e logísticos.

Qualquer interrupção no fornecimento pode afetar gravemente setores como o automotivo, a energia renovável e a eletrônica. Além disso, os preços desses minerais estão cada vez mais voláteis, dificultando o planejamento de longo prazo.

“Esses minerais são essenciais para garantir a continuidade da produção em várias indústrias-chave. A segurança no fornecimento e a autonomia produtiva se tornaram questões centrais nas discussões sobre geopolítica e segurança energética”, afirma Ítalo Montrazo.

O futuro da mineração e reciclagem

A busca por novas fontes de lítio, terras raras e cobalto está acelerando, com países como o Brasil se posicionando como possíveis fornecedores. Além disso, a reciclagem desses minerais, especialmente de baterias e componentes eletrônicos, está se tornando uma estratégia essencial para garantir uma oferta estável e reduzir a pressão sobre as reservas naturais.

A reindustrialização das cadeias de fornecimento, com a construção de refinarias e plantas de separação de terras raras, também é uma tendência crescente. “Essa movimentação visa aumentar a autonomia e reduzir a dependência de fornecedores externos, especialmente da China”, conclui Montrazo.

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Erem Carla é jornalista com formação na Faculdade Dois de Julho, em Salvador. Ao longo da carreira, acumulou passagens por portais como Terra, Yahoo e Estadão. Tem experiência em coberturas de grandes eventos e passagens por diversas editorias, como entretenimento, saúde e política. Também trabalhou com assessoria de imprensa parlamentar e de órgãos de saúde e Justiça. *Na Itatiaia, colabora com a editoria de Indústria.

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