Antonio Bortoletto | Entre curvas e aprendizados: o balanço final do franchising em 2025

Números divulgados pela ABF mostraram não apenas o comportamento das redes, mas também a resiliência de um modelo de negócio que se reinventa diante das adversidades

Franchising cresceu em 2025 no Brasil

Fechamos mais um ano no franchising brasileiro — e 2025 não foi um ano qualquer. Foi um período marcado por desafios profundos, curvas inesperadas e, ao mesmo tempo, por um amadurecimento claro do setor. A cada trimestre, os números divulgados pela ABF mostraram não apenas o comportamento das redes, mas também a resiliência de um modelo de negócio que se reinventa diante das adversidades.

O primeiro trimestre começou tímido. Consumidor cauteloso, crédito restrito, inflação ainda pressionando margens e um varejo tentando entender para onde o humor da economia caminharia. Mesmo assim, o franchising mostrou tração. Cresceu com responsabilidade, ajustou operações, enxugou excessos e manteve a roda girando sem perder qualidade. Era um sinal claro de que as redes estavam focadas mais em eficiência do que em expansão acelerada.

No segundo trimestre percebemos uma mudança de temperatura. Alguns segmentos ganharam força — alimentação voltou a respirar com vigor, saúde e bem-estar seguiram aquecidos e educação apresentou um comportamento mais estável. Foi também o trimestre das reviravoltas: quem estava atento às mudanças de comportamento do consumidor saiu na frente. Quem apostou em inovação, digitalização e suporte próximo ao franqueado começou a sentir os reflexos positivos. Ganhou quem não ficou parado.

O terceiro trimestre trouxe a confirmação de uma tendência que o setor já vinha percebendo: o franchising estava entrando em um ciclo de maior maturidade. Os números mostraram crescimento consistente, mas sem euforia. A abertura de novas unidades ficou mais criteriosa, as taxas de conversão melhoraram e o franqueado se tornou ainda mais exigente na avaliação de oportunidades. Foi um período importante para separar improviso de gestão profissional.

E agora chegamos ao fechamento do ano. Um ano de testes, ajustes e também de boas surpresas. Um ano em que vimos franqueadores se reinventando, franqueados fortalecendo seus modelos operacionais e o mercado buscando parcerias mais sólidas, mais humanas e mais orientadas à performance. Um ano em que a confiança na marca voltou a ser o elemento central para sustentar crescimento — e não apenas a ambição de escalar por escalar.

Se 2024 deixou um recado claro, foi o seguinte: nenhuma rede cresce sozinha. Cada trimestre mostrou que resultado consistente nasce da combinação entre estratégia, proximidade, comunicação franca, suporte de qualidade e visão de longo prazo. O franchising que prospera hoje é aquele que entende que parceria não é retórica, é prática cotidiana.

Encerramos dezembro olhando para trás com gratidão pelos aprendizados e para frente com a consciência de que 2026 exigirá ainda mais. Mais disciplina, mais foco no franqueado, mais inovação com propósito e mais coragem para ajustar rotas quando necessário. O setor continua forte, relevante e protagonista — e seguirá assim enquanto mantiver sua essência colaborativa e o compromisso real com o sucesso compartilhado.

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Antonio Bortoletto, especialista em Permuta Multilateral e Franchising, sócio do Clube de Permuta e Diretor Regional da Associação Brasileira de Franchising. Com mais de 20 anos de experiência no setor de vendas e comunicação, Bortoletto compartilhará os benefícios, história e tendências do franchising e da Permuta multilateral.

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.

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