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Antonio Bortoletto | Trocar para lucrar: curiosidades sobre a permuta multilateral que todo empresário precisa conhecer

Diferentemente da troca direta, que depende de coincidências de desejos entre duas partes, a permuta multilateral evoluiu para um sistema organizado por redes especializadas

Permutação sem o uso de dinheiro

Quando falamos em inovação financeira, muitos empresários ainda acreditam que isso exige investimentos altos, novas tecnologias complexas ou mudanças bruscas na operação. Mas existe um modelo de negócios que já faz diferença em diversos mercados ao redor do mundo, capaz de preservar caixa, fortalecer relações comerciais e ampliar o poder de compra de uma empresa sem que ela precise aumentar gastos em dinheiro. Estou falando da permuta multilateral, uma forma moderna e estruturada de trocar produtos e serviços, em que a moeda é aquilo que a própria empresa oferece.

Diferentemente da troca direta, que depende de coincidências de desejos entre duas partes, a permuta multilateral evoluiu para um sistema organizado por redes especializadas.

Nelas, o empresário vende para um participante e utiliza o crédito gerado para comprar de outro, mantendo a economia interna sempre ativa e colaborativa. Esse formato já ajudou milhares de empresas a economizar de forma concreta, especialmente em momentos de maior restrição financeira.

O que poucos sabem é que a permuta multilateral está diretamente ligada à economia real de caixa. Quando uma empresa deixa de desembolsar, por exemplo, R$ 10 mil em serviços que ela já iria contratar, esse mesmo valor permanece disponível para outras prioridades. Isso gera fôlego financeiro, reduz endividamento e amplia a possibilidade de investimento. Além disso, ao participar de uma rede multilateral, o empresário reduz o risco de depender de poucos clientes, pois sempre haverá quem esteja disposto a consumir o que ele oferece dentro da rede.

Outro benefício fundamental é o aproveitamento da capacidade ociosa. Máquinas paradas, horários vagos na agenda de serviços, quartos de hotel não ocupados, mesas vazias em restaurantes durante a semana tudo isso representa receita que não volta para o estoque amanhã. Ao transformar o ocioso em ativo, a empresa passa a gerar créditos que se convertem em economia mais à frente, sem custo financeiro adicional para atender esse novo cliente.

A permuta multilateral também se destaca por impulsionar relações comerciais sustentáveis e valiosas. Cada transação gera novas conexões e oportunidades de negócios, muitas vezes indo além da troca inicial. Em muitos casos, a primeira permuta abre portas para contratos duradouros, indicações e maior exposição da marca em círculos empresariais relevantes. Participar de uma rede assim se torna, portanto, uma demonstração clara de inteligência estratégica: a empresa acessa novos mercados, preserva caixa, amplia sua atuação e se insere em um ecossistema colaborativo.

No cenário internacional, esse modelo já movimenta bilhões em transações anualmente. 0 que impulsiona esse crescimento é a percepção de que a permuta não é improviso, mas sim gestão profissional de recursos.

Empresas utilizam esse sistema para contratar sem descapitalizar, testar fornecedores com menor risco e crescer de forma planejada. No Brasil, onde o empreendedor vive equilibrando criatividade e resiliência, a permuta multilateral oferece uma estrutura confiável para transformar ideias em resultado econômico concreto.

O que está em jogo aqui é uma mudança de mentalidade. Em vez de olhar apenas para o dinheiro que falta, o empresário passa a enxergar o valor que já possui: seu conhecimento, sua estrutura, sua capacidade produtiva e seu mercado consumidor. Quem compreende esse conceito entende que ter ativos é ter poder de compra, e essa percepção abre uma nova lógica de negócios. A pergunta que fica é simples: por que continuar gastando em dinheiro por algo que você pode trocar?

A permuta multilateral é, antes de tudo, inteligência empresarial. Ela coloca em prática um modelo onde todos ganham: quem vende, quem compra e quem faz a rede girar. Em tempos de margens apertadas e desafios constantes, a melhor economia é aquela que você nem precisa desembolsar. E essa é a força de trocar para lucrar.

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Antonio Bortoletto, especialista em Permuta Multilateral e Franchising, sócio do Clube de Permuta e Diretor Regional da Associação Brasileira de Franchising. Com mais de 20 anos de experiência no setor de vendas e comunicação, Bortoletto compartilhará os benefícios, história e tendências do franchising e da Permuta multilateral.

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.