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Brasil tem segunda maior taxa de juros real; saiba o impacto na sua vida

Com Selic em 15% ao ano, país perde apenas para Turquia no ranking da taxa de juros reais mais altas do mundo

Selic alta afeta o consumo e dificulta os empréstimos

O Brasil segue como o país que tem a segunda maior taxa de juros real do mundo, após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manter a taxa básica nominal em 15% ao ano, nessa quarta-feira (18). O levantamento do ranking mundial de juros reais foi realizado pela MoneYou e Lev Intelligence.

Em linhas gerais, a taxa de juros real é obtida pelo desconto da inflação da taxa de juros nominal. No caso, com a inflação em 5,13% no acumulado dos últimos 12 meses, e uma Selic em 15%, os juros reais estão estimados em 9,51%.

O país perde apenas para a Turquia, que tem juros reais em 12,34%. O Brasil fica na frente da Rússia (4,79%), Colômbia (4,38%), e México (3,77%) fechando as cinco primeiras colocações. A vizinha argentina, que passa por dificuldades econômicas e possui uma inflação anual de 33,60%, possui uma taxa de juros reais de 3,54%, ocupando a sétima posição.

Os Estados Unidos, considerada a economia mais estável do mundo, teve um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros nessa quarta (18). O Federal Reserve, banco central americano, levou o intervalo para entre 4% e 4,25%. Com a inflação em 2,6%, a taxa de juros reais fica em 0,43%, na 27ª colocação.

Mas qual o impacto dos juros na vida?

A Selic atua como referência para as linhas de crédito. Com os juros elevados, empréstimos bancários ou de outras instituições financeiras ficam mais caros para o público em geral, favorecendo o endividamento. Como consequência, o financiamento de imóveis e veículos também seguem a mesma tendência de alta, dificultando o acesso aos bens de maior valor.

Na mesma esteira, o nível de consumo das famílias deve cair. Isso ocorre porque o crédito tem uma relação direta com o aumento do preço dos produtos e serviços, causando uma redução no poder de compra, uma vez que a dificuldade de financiamento pode fazer os produtores a repassarem os preços.

Para Reinaldo Domingos, especialista em Educação Financeira e presidente da DSOP Educação Financeira, o momento é de cuidado e planejamento. “A taxa básica influencia diretamente outras taxas do mercado. Quem parcelou compras, tem financiamento ou utilizou cheque especial e cartão de crédito precisa entender que os juros dessas dívidas permanecem altos”, explicou.

Por outro lado, a Selic alta favorece os investimentos em renda fixa, uma vez que oferecem remuneração de acordo com a taxa básica de juros. Nesse caso, títulos como tesouro direto, letras de crédito, debêntures e CDBs (Certificado de Depósito Bancário), se tornam mais atrativos no mercado de capitais no longo prazo.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.