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Banco Central mantém taxa de juros em 15% ao ano e não descarta novas altas

Comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) ressalta incerteza com o mercado de trabalho aquecido e a inflação acima da meta

Copom também citou um cenário incerto nos Estados Unidos como motivo para manter a taxa

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. Em comunicado nesta quarta-feira (17), os diretores do Banco Central ressaltaram que os principais indicadores da atividade econômica brasileira seguiram apresentando “certa moderação”, mas com um mercado de trabalho aquecido e inflação acima da meta de 3%, não descartando novas altas.

O Copom também destacou na decisão um ambiente externo de incerteza em função da “conjuntura política e econômica nos Estados Unidos”, exigindo cautela dos países emergentes. “Os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual”, disse.

“O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza”, afirmou o Banco Central.

Destacando o cenário de “elevada incerteza”, os diretores ressaltaram que o momento exige cautela na política monetária, e que o Comitê se manterá vigilante, avaliando se a manutenção da taxa básica de juros elevado é suficiente para convergir a inflação para o centro da meta. “Os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, completou.

A decisão já era esperada pelo mercado financeiro. Os investidores apostavam na manutenção da Selic, considerando que a inflação acumulada nos últimos 12 meses está medida em 5,13%, inclusive ultrapassando a tolerância de 1,5 ponto percentual da meta.

A boa notícia foi a queda na taxa de juros dos Estados Unidos, também nesta quarta-feira (17). O Federal Reserve promoveu um corte de 0,25 ponto percentual, levando a taxa para um intervalo entre 4% e 4,25%. O movimento das duas autoridades monetárias faz com que a diferença entre os juros americanos e os brasileiros cresça, valorizando os ativos nacionais.

O economista sênior do Banco Inter, André Valério, explica que essa diferença é um dos principais determinantes da taxa de câmbio, e quanto maior, menor é a pressão de depreciação cambial. “Isso é importante pois um câmbio depreciado tende a gerar repasse inflacionário, aumentando os preços dos bens em reais”, disse.

Segundo ele, esse fato é relevante considerando a possibilidade de corte na Selic no futuro, valorizando a moeda brasileira. “Com isso, o banco central brasileiro tem maior espaço para reduzir a taxa de juros sem gerar pressões adicionais no câmbio, o que poderia acontecer se cortássemos a taxa de juros aqui sem a contrapartida do corte lá fora”, destacou.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.