Taxação do excedente de carne brasileira pela China não é muito ‘preocupante’, diz ministro

China estabeleceu cotas para a importação de carne bovina e vai aumentar as taxas para os países que excederem o volume limite

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse nesta quarta-feira (31) que a sobretaxa de 55% que pode ser cobrada sobre o excedente de carne bovina exportada para a China não é muito “preocupante” para o Brasil. Segundo ele, a cota estabelecida para o país já é próxima ao que é comercializado com os chineses, mas o governo ainda vai tentar negociar a medida.

Segundo Fávaro, a medida já era estudada pelo ministério do Comércio da China há mais de um ano com o intuito de proteger a produção local. A medida tomada por Pequim estabelece uma cota total de 2,7 milhões de toneladas para a importação de carne, sendo que o Brasil recebe cerca de 40% dessa cota - 1,1 milhão de toneladas.

“É mais ou menos o que o Brasil está exportando hoje. Em 2024 tivemos um ano de grande expansão, passamos a ser responsáveis por mais de 50% das exportações de carne bovina para China, em função da clara competitividade do produto brasileiro. Mas, de um modo geral, não é algo tão preocupante, porque nós trabalhamos muito para ampliar mercados”, disse Fávaro.

Em 2024, a China importou cerca de 1,34 milhão de toneladas de carne bovina do Brasil. Caso a taxação ocorra, Fávaro disse que o país está “relativamente preparado” para as “interperies comerciais”. “O governo do presidente Lula (PT) abriu 20 mercados para a carne em todo o mundo, mais ampliações de mercados já abertos”, ressaltou.

Em comunicado, o ministério do Comércio chinês afirmou que pesquisas concluíram que a compra de carne estrangeira prejudicou a indústria nacional. As medidas entrarão em vigor em 1º de janeiro, com duração de três anos. Outros países importantes para a relação bilateral de Pequim também terão limites.

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A cota da Argentina, por exemplo, deve ser de aproximadamente 500 mil toneladas, enquanto o Uruguai tem um limite de 324 mil toneladas. A Austrália terá uma cota de cerca de 200 mil toneladas, e o limite para os Estados Unidos será de 164 mil toneladas.

Ainda de acordo com o ministro da agricultura brasileira, o país vai estudar a medida em 2026 e começar a negociar com Pequim. Um dos pontos que devem entrar na mesa é a compensação das cotas não cumpridas por outros países. “Por exemplo, se os Estados Unidos não exportarem para a China, a gente pode cumprir essa cota? São negociações que vão ocorrendo”, destacou.

“Lembrando que não precisa ser imediato. A gente vai, gradativamente durante o ano, fazendo as negociações e ajustes. A relação Brasil-China nunca esteve tão boa e assim vai continuar. A gente vai negociar isso durante o ano de 2026”, completou.

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

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