O governo da China notificou formalmente a Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a conclusão de uma investigação que aponta “dano grave”, ou ameaça de dano, à sua indústria doméstica de carne bovina. O parecer é resultado de um processo iniciado em dezembro de 2024 e coloca em alerta os principais exportadores mundiais do setor.
Segundo o relatório apresentado ao Comitê de Salvaguardas da OMC em 19 de dezembro de 2025, o Ministério do Comércio chinês identificou um crescimento “súbito e significativo” no volume de carne importada. Os dados analisados mostram que as importações saltaram de 165,9 mil toneladas em 2019 para 273,7 mil toneladas em 2023.
Impactos no mercado interno
A China argumenta que a entrada massiva do produto estrangeiro desestabilizou a produção nacional. Entre os prejuízos listados pelo governo chinês no documento oficial, destacam-se:
- Perda de participação de mercado dos produtores locais.
- Acúmulo de estoques sem vazão comercial.
- Queda acentuada nos preços internos.
- Redução da produtividade e da rentabilidade da indústria doméstica.
Reação internacional
O anúncio gerou reação imediata de outros players globais. Em documento protocolado no dia 22 de dezembro, os Estados Unidos confirmaram ter ciência de que a China reconheceu a existência do dano, mas ressaltaram que Pequim ainda não apresentou nenhuma proposta de medida de salvaguarda (como sobretaxas ou cotas).
Washington já sugeriu a abertura de consultas formais para discutir tanto as conclusões do relatório chinês quanto as possíveis barreiras comerciais que podem vir a ser implementadas.
A investigação abrangeu o período entre 2019 e o primeiro semestre de 2024, servindo como base técnica para que o gigante asiático possa, legalmente, adotar medidas de proteção ao seu mercado interno nos próximos meses.
O impacto para o Brasil diante da ‘salvaguarda da carne’
A conclusão da China de que houve “dano grave” à sua indústria doméstica acende um sinal amarelo para o agronegócio brasileiro. Caso a notificação à OMC se transforme em medidas práticas (como sobretaxas ou cotas), o Brasil será o país mais impactado devido à sua alta dependência desse mercado.
A China é o principal destino das exportações brasileiras e