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Isabel Veloso: saiba quando um paciente é considerado ‘terminal’ e o que são cuidados paliativos

Médico que acompanha a influenciadora desde o primeiro diagnóstico alegou que ela teria entre 4 e 6 meses de vida, prazo que realmente se enquadraria como terminal

Isabel Veloso diz não ter mais ‘câncer terminal’

No início deste ano, Isabel Veloso, à época com 17 anos, relatou que o câncer havia voltado e que ela teria seis meses de vida. A influenciadora dizia estar “vivendo com um câncer terminal”, no entanto, após a doença estabilizar e ter a terminalidade negada, ela contou estar em “cuidados paliativos”.

O nome da paranaense assumiu o topo dos trending topics do X, antigo Twitter, na tarde desta terça-feira (28), gerando dúvida se ela mentiu sobre seu real estado de saúde. Após as críticas, a influenciadora prometeu acionar seu jurídico e alegou não ter nada a esconder.

Grávida do primeiro filho, Isabel diz ter linfoma de Hodgkin e que a doença não tem mais cura, mas que receberá cuidados paliativos durante o período que a resta de vida, que hoje é incerto. O estado de saúde dela foi, inclusive, mencionado por seus médicos em entrevistas.

A médica Melina Branco Behne, que cuida de Isabel Veloso, disse ao Gshow que a influenciadora está “sob cuidados paliativos”, após afirmar que ela estava em terminalidade anteriormente. A profissional foi procurada pela Itatiaia por meio do contato do consultório, mas não retornou até a publicação desta reportagem.

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Já o médico Bruno Bereza, que concedeu entrevista à Record TV, que foi ao ar em 18 de agosto, afirmou que acompanha a jovem desde o início e que ela tinha em média entre quatro e seis meses de vida. Procurado pela reportagem, o médico destacou que “o conceito de paliativo se inicia a partir de um diagnóstico avançado. Uma coisa não exclui outra”.

A reportagem da Itatiaia procurou especialistas, que esclareceram sobre cuidados paliativos e cuidados de fim de vida, quando o paciente está em terminalidade.

Cuidados paliativos

Líder Nacional dos Cuidados Paliativos da Oncoclínicas Belo Horizonte, Dr. Sarah Ananda explica que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), “cuidados paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”.

O médico oncologista Amândido Soares destaca sobre cuidados paliativos: “Abrangem um período mais longo e podem ser combinados com tratamentos específicos da doença. Eles focam em melhorar a qualidade de vida do paciente”.

“Por exemplo: pacientes portadores de doença incurável, além do tratamento da doença, como quimioterapia, imunoterapia, etc, podem receber conjuntamente os cuidados paliativos, que tem por objetivo o alívio do sofrimento, que pode ser físico emocional ou espiritual. Melhorar a qualidade de vida”, acrescenta.

Sarah Ananda pontua que, muitas vezes, esse conceito é compreendido de forma diferente, visto que muitos acreditam que, já que o paciente está morrendo, não há mais o que fazer por ele. No entanto, “não há limites para os cuidados paliativos”.

O paciente oncológico ou com qualquer doença avançada deve ser encaminhado para uma equipe de cuidados paliativos de forma precoce. “O importante é lutarmos para um encaminhamento precoce, pois como já foi demonstrado em diversos estudos randomizados a integração precoce dos cuidados paliativos em pacientes oncológicos melhorou a qualidade de vida dos pacientes, diminuiu a carga de sintomas, melhoram o humor e a qualidade dos cuidados no final da vida além de inclusive aumentar a sobrevida em populações específicas”, diz ela.

Dentre os princípios, está o “alívio da dor”, como foi o caso de Isabel Veloso, que chegou a usar cadeira de rodas por conta do sintoma. “Esse princípio é muito importante pois o alívio da dor é um Direito Humano e um paciente com dor ou qualquer outro sintoma desagradável como falta de ar, náusea, etc, não consegue pensar ou fazer mais nada”.

Os cuidados incluem até o processo do luto. “O Cuidado Paliativo enxerga a possibilidade da morte como um evento natural e esperado na presença de doença ameaçadora da vida, colocando ênfase na vida que ainda pode ser vivida, assim o próximo principio ‘Não acelerar nem adiar a morte’, que enfatiza que Cuidado Paliativo nada tem a ver com eutanásia, como muitos se confundem”.

Terminalidade

Isabel Veloso alegou que os seis meses que tinha de vida encerrou em julho. Conforme a influenciadora, a doença estabilizou e ela se tornou “paciente em cuidados paliativos”.

“Eu tinha um tempo estimado de vida e não era certeza que minha doença iria estabilizar, mas ela se estabilizou e passo a não ser chamada de paciente terminal, sou paciente em cuidados paliativos”, disse nesta terça, após rebater críticas.

A médica paliativista explica que, em caso de pacientes em terminalidade, com um ano ou meses de vida, ele recebe cuidados de final de vida, que é uma parte dos cuidados paliativos.

“O cuidado paliativo é desde o diagnóstico, porque visa aliviar sofrimento, promover qualidade de vida e isso deve ser feito desde sempre. E os cuidados de final de vida eles vão promover um foco maior no conforto, sempre cuidando do paciente como um todo e também focando na família”, disse.

“Dentro dos cuidados paliativos, a gente define de acordo com o prognóstico, a estimativa de vida dele em fases. A fase final de vida ou terminalidade é quando a gente acredita que um paciente possa estar mais próximo do final da vida”, acrescenta.

O certo é um paciente paliativo evoluir para terminal. “Usualmente, o paciente com uma doença incurável e que está em cuidados paliativos vai evoluir para ser um paciente terminal. Evolui de paliativo para end life care ( cuidados em final de vida)”, diz.

O médico segue: “Todo paciente com câncer avançado e incurável deve ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar, que inclua, além do oncologista, profissionais especializados em cuidados paliativos. Esses cuidados abrangem não apenas o tratamento dos sintomas físicos, mas também oferecem suporte emocional, religioso e espiritual ao paciente. Além disso, envolvem ativamente os familiares, informando-os sobre o prognóstico da doença e o que esperar de sua evolução”.

“Apesar de não ter uma cura possível, ela está fazendo tudo para ter seus sintomas controlados, ficar bem, mas ela não sabe, não dá pra prever, quanto tempo de vida ela vai ter”, encerra.

Diagnóstico

Isabel Veloso foi diagnosticada com linfoma de Hodgkin em 2021, quando tinha 15 anos. Posteriormente, ela fez transplante de medula óssea e chegou a ser curada. No entanto, em janeiro deste ano, ela recebeu a informação de que o câncer havia voltado e não havia mais tratamento eficaz.

Inicialmente, Isabel teve a notícia de que teria seis meses de vida, ou seja, que ela viveria até julho, mas o tumor estabilizou.

Em 11 de agosto, a influenciadora relatou que está grávida do seu primeiro filho.


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Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.