Zanin vota, e STF tem dois votos para condenar réus do ‘núcleo 4' da trama golpista

Primeira Turma da Corte está a um voto para formar maioria pela condenação dos acusados

Ministro Cristiano Zanin no julgamento da Ação Penal 2694 - ‘Núcleo 4'

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (21) pela condenação dos sete réus que compõem o núcleo 4 da denúncia sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

O ministro acompanhou integralmente o voto do relator do caso, ministro Alexandre de Moraes.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o grupo teria usado a estrutura do Estado, incluindo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para disseminar desinformação sobre as urnas eletrônicas, atacar autoridades públicas e desacreditar o processo eleitoral.

Zanin concordou com os argumentos apresentados pela PGR e durante o seu voto ressalto que o grupo autuo de forma planejada e articulada para disseminar informações falsas na tentativa de inflar a população para pressionar as autoridades para uma ruptura institucional.

Em relação aos réus, o ministro também afirmo que havia uma “clara divisão de tarefas” e que o grupo não se limitava a meros atos isolados ou técnicos. Segundo ele, os acusados teriam consciência da relevância e do impacto de suas condutas.

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Os réus do núcleo 4 são:

  • Ailton Gonçalves Moraes Barros, major da reserva;
  • Ângelo Martins Denicoli, major da reserva;
  • Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal;
  • Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército;
  • Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel do Exército;
  • Marcelo Araújo Bormevet, agente da PF e ex-integrante da Abin;
  • Reginaldo Vieira de Abreu, coronel do Exército.

Condenação

Seguindo o entendimento do relator do caso, Zanin também votou para condenar seis réus por cinco crimes:

  • Organização criminosa armada;
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • Tentativa de golpe de Estado;
  • Dano qualificado;
  • Deterioração de patrimônio tombado.

No entanto, em relação ao réu Carlos Cesar Rocha, o ministro decidiu condenar ele somente aos crimes de organização criminosa armada e tentativa de golpe. Os outros crimes, Moraes e Zanin decidiram absolver o réu por falta de provas.

Voto Moraes

Moraes afirmou que os acusados integravam uma organização criminosa que buscava “deslegitimar a Justiça Eleitoral” e fomentar um “levante popular” para que as Forças Armadas aderissem ao golpe.

“A imputação nesse núcleo é também da utilização da estrutura do Estado com outras condutas, mas dentro dessa organização criminosa armada liderada por Jair Messias Bolsonaro”, afirmou Moraes durante seu voto.

Durante o seu voto, o ministro detalhou a participação individual de cada réu, destacando que todos contribuíram, em diferentes níveis, para a tentativa de golpe.

Moraes também votou para que seja reaberto o processo e o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, voltem a ser investigado pelos crimes de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.

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