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Tragédia de Mariana: Câmara debate adesão de municípios a acordo de reparação

Acordo homologado pelo STF prevê R$ 132 bilhões para ações de compensação e recuperação após desastre em Minas Gerais

Tragédia de Mariana

A Câmara dos Deputados realizou, nesta terça-feira (16), uma audiência conjunta para discutir a adesão de municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo ao acordo que prevê a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015, que deixou 19 mortos.

O encontro teve como objetivo esclarecer dúvidas de prefeitos, representantes municipais e atingidos sobre o funcionamento do acordo, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado.

O pacto prevê R$ 132 bilhões em ações de reparação e compensação. Desse valor, R$ 100 bilhões serão destinados à União, aos governos estaduais e municipais que aderirem ao acordo. Os recursos serão aplicados em projetos ambientais e socioeconômicos, incluindo programas de transferência de renda.

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Outros R$ 32 bilhões serão usados para a recuperação de áreas degradadas, remoção de sedimentos, reassentamento de comunidades e pagamento de indenizações às pessoas atingidas.

Durante a audiência, o deputado Paulo Guedes (PT-MG) defendeu a adesão dos municípios e atingidos ao acordo, destacando que, apesar de não ser o acordo ideal, é a solução possível no momento.

“Precisamos tirar do papel a reparação às pessoas e às cidades afetadas pela tragédia de 2015. Não é o que gostaríamos, mas é o melhor acordo que temos”, afirmou o parlamentar.

Representantes de municípios atingidos também participaram, entre eles o procurador de Coronel Fabriciano, Dener Franco, que criticou a falta de participação das cidades na construção do texto final.

“Talvez se os municípios tivessem participado efetivamente, o resultado seria diferente. Muitos prefeitos tomaram decisões legítimas, seja pela adesão ou pela recusa, mas sem espaço adequado para diálogo e deliberação”, afirmou Franco.

A audiência contou ainda com representantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Advocacia-Geral da União (AGU), Ministério Público Federal (MPF) e outras entidades envolvidas no processo.

A expectativa dos parlamentares é que o debate ajude a consolidar entendimentos e a registrar dúvidas recorrentes dos municípios sobre a adesão e os próximos passos da repactuação do Rio Doce.

Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.