O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou nesta segunda-feira (20), no Palácio do Planalto, o programa Reforma Casa Brasil, uma nova linha de crédito habitacional que vai disponibilizar R$ 40 bilhões para reformas e melhorias de casas em todo o país. Com o programa, vai ser possível financiar obras de melhorias, reformas e de requalificação de imóveis já existentes, com empréstimos a partir de R$ 5 mil e prazo de pagamento de até 60 meses.
A nova política habitacional, segundo o governo, será financiada pela Caixa e voltada principalmente a famílias com renda de até R$ 9,6 mil mensais.
A cerimônia contou com a presença dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Jader Filho (Cidades) e do presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira.
Financiamento digital e juros reduzidos
O acesso ao crédito será simplificado e totalmente digital, por meio do site e aplicativo da Caixa a partir de 3 de novembro. As famílias interessadas deverão informar renda e tipo de reforma, simular o crédito e assinar o contrato online. O valor das parcelas será limitado a 25% da renda familiar, e cada família poderá ter apenas uma operação ativa.
As taxas de juros variam conforme a renda mensal:
- Até R$ 3.200: juros a partir de 1,17% ao mês;
- De R$ 3.200,01 a R$ 9.600: juros de 1,95% ao mês;
- Acima de R$ 9.600: condições definidas pela Caixa, com prazos de até 180 meses.
Os recursos poderão ser usados para compra de materiais, pagamento de mão de obra e serviços técnicos, como projetos e acompanhamento de obras. O programa atenderá inicialmente famílias em áreas urbanas de grandes e médias cidades.
“O Estado precisa olhar para quem o mercado não olha”, diz Lula
Durante o discurso, Lula afirmou que o programa busca dar dignidade às famílias brasileiras que vivem em moradias precárias.
“Se a gente não olhar pra essa gente, quem é que vai olhar? O Estado precisa olhar para aquelas pessoas que o mercado não tem interesse em olhar. O mercado não gosta de fazer aposta errada e nem de ganhar pouco”, declarou. O presidente ressaltou que o país ainda convive com situações inaceitáveis em pleno 2025.
“Não tem explicação uma casa não ter banheiro, gente fazendo necessidade no mato. Não adianta conhecer teoricamente o problema e citar a miséria do povo. A gente precisa governar sabendo que o povo que precisa de nós não está aqui em Brasília.” Lula também destacou a importância de políticas que atinjam diferentes faixas de renda.
“Quem ganha R$ 8 mil também precisa de quem pense nele, porque esse não é rico, é quase pobre. Pouco dinheiro distribuído significa riqueza. Muito dinheiro concentrado significa desnutrição”, disse. O presidente mencionou ainda medidas recentes, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, a redução na conta de luz e o subsídio para o gás de cozinha, afirmando que “pequenas ações melhoram a vida de milhões”.
Haddad: “Lula termina o mandato com o melhor resultado fiscal desde 2015”
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou durante o evento que o governo encerra o terceiro mandato de Lula com avanços econômicos e controle das contas públicas.
“O presidente Lula vai terminar este mandato com a menor inflação acumulada da história recente do Brasil e com a menor taxa de desemprego em quatro anos, segundo o IBGE. Ele está batendo o próprio recorde”, afirmou. Haddad defendeu que o ajuste fiscal promovido pelo governo foi feito de forma socialmente justa:
“As pessoas reclamam porque resolvemos diminuir o déficit público cortando dos ricos, não do aposentado e de quem vive com salário mínimo. Essa é a diferença entre responsabilidade fiscal e injustiça social.” O ministro também ressaltou o impacto do novo programa habitacional:
“Com o Reforma Casa Brasil, a pessoa vai poder fazer um banheiro, uma laje, coisas que parecem pequenas, mas esses 20 ou 30 mil reais vão trazer dignidade a muitas famílias”, disse. Em tom de balanço, Haddad afirmou que o país vive uma fase de reconstrução econômica:
“O senhor, presidente, está recuperando as taxas de crescimento que o Brasil tinha em 2010. A gente volta a investir em quem mais precisa e em setores que geram emprego. Isso é política econômica de verdade.”
Impacto social e retomada da confiança
O Reforma Casa Brasil complementa outras ações habitacionais do governo, como a retomada do Minha Casa, Minha Vida, e reforça o foco do Planalto em políticas sociais de base urbana. Para o governo, a medida deve estimular o setor da construção civil, gerar empregos e aquecer o consumo de materiais de construção.
Lula encerrou o discurso com uma mensagem de tom popular e nacionalista: “Eu sei de onde vim e sei pra onde vou voltar. O povo é o responsável por me eleger pela terceira vez. E é pra ele que a gente governa. Isso é soberania de verdade, quando o rosto, a roupa e a comida do brasileiro mostram que ele tem dignidade.”
O Reforma Casa Brasil entra em vigor a partir de novembro e, segundo a Caixa, a expectativa é alcançar mais de 2 milhões de famílias nos primeiros dois anos de operação.