Prefeito de Santa Luzia promete transformar cidade em ‘canteiros de obras’ em 2026

Paulo Bigodinho, que assumiu a gestão municipal em 2025, afirmou que o ano começou de forma ‘desfavorável’ para as contas públicas, obrigando a prefeitura a realizar cortes no orçamento

Paulo Bigodinho foi eleito em 2024 pela primeira vez para um cargo no Executivo.

O prefeito de Santa Luzia, Paulo Bigodinho (Avante), acredita que o município, localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), irá se transformar em um “canteiro de obras” a partir do próximo ano. Eleito para o primeiro mandato nas eleições de 2024, ele afirma que 2025 foi o ano de “colocar a casa em ordem”, mas que os grandes projetos de infraestrutura da cidade devem ficar para os próximos anos da gestão.

Além dessas, o prefeito garantiu que outras obras devem ser iniciadas no próximo ano, incluindo uma escola estadual, um posto de saúde, um Centro de Atenção Psicossocial Adulto (CAPS) e uma policlínica. Parte desses investimentos previstos contará também com parceria do governo do Estado.

Em setembro deste ano, o município também foi contemplado com recursos federais do PAC Drenagem, no valor de R$ 33 milhões, para a canalização dos córregos Palmital e Cristina. As obras têm como objetivo resolver problemas históricos de alagamentos em Santa Luzia. “Também fizemos o trabalho preventivo, que é a limpeza de bueiros e canais. Fomos a Brasília diversas vezes para apresentar essas demandas decorrentes das chuvas e buscar uma solução definitiva. Batemos à porta do Ministério das Cidades”, afirmou.

Segundo Bigodinho, parte do recurso deve ser depositada na conta da prefeitura ainda neste ano, para que o município dê continuidade ao planejamento, que posteriormente será encaminhado a Brasília.

Casa em “ordem”

Antes de assumir o cargo de prefeito, Bigodinho atuava como vereador na Câmara Municipal de Santa Luzia. Em 2024, no primeiro turno, derrotou o candidato apoiado por uma das principais lideranças políticas do município, o deputado estadual e ex-prefeito Delegado Christiano Xavier (PSD), que defendia a candidatura de Wander do Delegado (PSD) para dar continuidade à gestão.

À Itatiaia, ele contou que recebeu a prefeitura em uma situação financeira desfavorável. “Iniciamos o ano com uma dificuldade financeira muito grande. São quase R$ 100 milhões em restos a pagar, com dívidas com fornecedores, com o principal hospital e com salários de funcionários terceirizados atrasados”, disse o prefeito.

De acordo com Bigodinho, para resolver a situação foi necessário realizar cortes no início da gestão para “colocar as contas em dia”. “Só no Hospital São João de Deus, por exemplo, que é o único hospital da cidade, ainda que filantrópico, tínhamos uma dívida de R$ 7 milhões e conseguimos sanar esse problema”, avaliou.

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Ainda segundo Bigodinho, algumas dessas pendências financeiras do município impediam a formalização de convênios e parcerias, inclusive com o governo federal e o governo de Minas. “Estávamos com o nome sujo, e isso dificultava ainda mais a gestão”, completou.

Transporte metropolitano

Atualmente, dentro da Associação Mineira de Municípios (AMM), o prefeito é responsável por uma das pastas que lidam com um dos maiores gargalos da Grande BH: a mobilidade urbana.

À reportagem, Bigodinho afirmou que já tem tratado de alguns pontos diretamente com o secretário de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias, Pedro Bruno, mas admitiu que ainda são necessárias melhorias para integrar os municípios vizinhos à capital mineira. “Hoje, o tempo médio para as pessoas saírem do Centro de Santa Luzia e chegarem ao Centro de BH é de aproximadamente 1h20. Acreditamos que esse tempo pode ser reduzido”, disse.

Essa redução significativa no tempo de deslocamento entre Santa Luzia e Belo Horizonte, segundo ele, será possível por meio de algumas obras, incluindo a construção de uma estação do Move Metropolitano na parte alta do município, como é conhecida a região próxima ao Centro Histórico.

As eventuais melhorias de infraestrutura, no entanto, ainda não resolvem de forma definitiva o problema, já que não há integração tarifária para quem sai das cidades da Grande BH em direção à capital. “É necessário existir um subsídio estadual e federal. Não faz sentido a pessoa gastar R$ 2 para circular dentro de Santa Luzia [no transporte municipal] e, quando precisa trabalhar em BH, pagar mais de R$ 10 para ir e depois mais de R$ 10 para voltar. Se os governos não começarem a intervir na questão do valor das passagens, a situação vai ficar cada vez mais complicada”, afirmou.

Na avaliação dele, os altos valores das tarifas impactam inclusive o mercado de trabalho, sendo um fator impeditivo para que muitos moradores da cidade sejam contratados por empresas localizadas em Belo Horizonte ou em municípios próximos. “Infelizmente, não tem sido atrativo para as empresas contratarem pessoas de Santa Luzia”, avaliou.

Privatização da Copasa

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou, em definitivo, na última semana, o Projeto de Lei (PL), de autoria do Executivo, que autoriza a venda da Copasa.

Com o avanço da tramitação da proposta no Legislativo, a Associação Mineira de Municípios (AMM) acionou o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) para que os municípios obtenham um direcionamento formal sobre como proceder diante do novo modelo de negócios da companhia de água e esgoto, que, mesmo estatal, mantém contratos vigentes com grande parte das prefeituras mineiras.

À Itatiaia, Bigodinho afirmou que, neste ano, a Copasa realizou melhorias em Santa Luzia, mas ressaltou que “só será possível avaliar se a prestação do serviço será melhor com a privatização caso ela, de fato, aconteça”.

Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já foi produtora de programas da grade e repórter da Central de Trânsito Itatiaia Emive.

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