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E como anda a mobilidade urbana? Não anda

Leia a coluna de Cristiana Nepomuceno

Ônibus em Belo Horizonte

Há quase um ano tivemos em Belo Horizonte a 24ª Conferência Nacional da Advocacia Brasileira, nos dias 27, 28 e 29 de novembro. Foi um dos maiores já realizados, com um alta participação da advocacia do país, sendo que a cidade recebeu 22 mil advogados vindo de todos os locais do Brasil, inclusive os que moram em BH para o evento no Expominas. E no primeiro dia, na abertura, a cidade literalmente parou.

Agora está acontecendo a Exposibram, que é considerada uma das maiores exposições de mineração da América Latina, exatamente no mesmo local no qual ocorreu a conferencia da OAB, com a participação de 70 mil pessoas. E não houve nenhuma melhoria na mobilidade urbana.

Conforme escrevi à época e hoje coloco aqui novamente, “o trânsito para o evento passando pela Avenida Amazonas estava insuportável, alinhando os carros que já passam normalmente pela região, visto que é saída para a BR 381, que leva a São Paulo e às outras regiões, somando com os carros para o evento”. Infelizmente, foi o que aconteceu ontem tal e qual no ano passado. Um percurso que duraria de 30 a 40 minutos demorou mais de 2 horas de lentidão. Mais de 2 horas e milhares de carros, cerca de 1 milhão de veículos, andando devagar e lançando na atmosfera gases de efeito estufa.

Se fosse SOMENTE ISSO TUDO, estamos ainda vivendo uma época de queimadas, com a qualidade do ar péssima, alinhada a baixa umidade do mesmo e tivemos um tráfego de carros enorme. “Nossa frota de carros é 90% de automóveis que lançam gás carbônico na atmosfera, contribuindo para o efeito estufa e também para o aumento de temperatura. O que fica mais difícil quando se está “preso” no trânsito”.

Numa época em que todo dia é noticiado a baixa qualidade do ar, a escassez de água e a poluição atmosférica atingindo todas as pessoas. Segundo dados de um instituto suíço, “diversas cidades de Minas Gerais têm enfrentado falta de chuva, céu encoberto por fumaça..” Alinhado a essa fase crítica de gravidade climática que estamos vivenciando, ainda temos que conviver com a imobilidade urbana, na qual os carros saem de casa e ficam nas ruas ligados e lançando gás carbônico na atmosfera.

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O objetivo 11 da Organização das Nações Unidas trata das Cidades e Comunidades Sustentáveis. Esse menciona o crescimento das cidades conjugando o bem estar da população e sua saúde. A nossa, infelizmente é INSUSTENTÁVEL.

Nesse ano eleitoral será fundamental a pauta ambiental, tem que ser levado em conta o ar atmosférico, as nascentes, a mobilidade, o bem estar da população. Tudo isso faz parte do meio ambiente e nele estamos inseridos.

Pelo acordo de Paris teríamos de baixar a temperatura da terra em 1,5°C, até o ano de 2030, mas o modo de como estamos inertes, acho difícil, mas não impossível.

Pela lei 12.187, que institui a política nacional das mudanças climáticas precisaremos tratar de nossa adaptação para enfrentarmos esses tempos, de evitar emissões de gases poluente, de evitar mais impactos e prever também a vulnerabilidade, ou seja a incapacidade de um sistema, em função de sua sensibilidade. E um dos pontos sensíveis é a nossa mobilidade.

Não é mais possível que eventos bons como esses travem toda a cidade.


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Cristiana Nepomuceno é bióloga, advogada, pós-graduada em Gestão Pública, mestre em Direito Ambiental. É autora e organizadora de livros e artigos.