Belo Horizonte registrou, em um intervalo de dois dias, pelo menos duas denúncias distintas de estupro com a suspeita de envolvimento de motoristas de aplicativo. As vítimas são duas mulheres, de 18 e 24 anos, que voltavam para casa após o trabalho e de visitar uma amiga, respectivamente.
O caso mais recente ocorreu na segunda-feira (1º). O suspeito, Bruce Otoni Matos, de 37 anos, foi preso nessa terça (2). De acordo com o Boletim de Ocorrência (BO), a vítima, uma assistente de loja de 18 anos, acionou o transporte para ir do trabalho, em um shopping na Região Leste, para a casa, na Região Centro-Sul. A Polícia Civil (PCMG) suspeita que ele tenha feito mais vítimas.
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A passageira relatou que a viagem seguia pela Avenida dos Andradas, mas, em determinado momento, o homem passou a abordar assuntos de cunho pessoal, o que a constrangeu e a deixou com medo.
Segundo o depoimento da vítima, o condutor mudou a rota e, em seguida, exibiu o órgão genital e a estuprou.
Após o ato, ainda segundo o BO, o motorista voltou a dirigir e ainda perguntou à passageira por que ela estava séria, seguindo o trajeto até a casa dela. Lá, a jovem acionou a Polícia Militar (PM) por telefone para pedir ajuda. Com os dados do motorista e do veículo fornecidos, os militares iniciaram buscas e encontraram Bruce Otoni em casa, no bairro Tupi, na Região Norte da capital.
Ele atendeu aos policiais e afirmou ter tido relação consensual com a vítima. Durante o procedimento, porém, tentou fugir e foi preso.
A PCMG esclareceu que o suspeito teve a prisão em flagrante ratificada por estupro. “A investigação prossegue na Delegacia Especializada de Combate à Violência Sexual em Belo Horizonte”, informou por meio de nota.
Polícia acredita que haja outras vítimas
Durante o processo de coação da jovem, Bruce Matos teria dito, algumas vezes, que gostava de realizar sexo oral em passageiras e que já havia feito isso em outras oportunidades. Isso,
Por isso, a Polícia Civil orienta possíveis vítimas a procurarem a delegacia para relatarem os fatos que serão adicionados ao inquérito.
Outro caso dias antes
No último domingo (30), outro registro: uma mulher de 24 anos compareceu à delegacia para relatar que estava na casa de uma amiga, no bairro Diamante, na Região do Barreiro, quando decidiu ir para casa por estar cansada.
Ela disse que estava com muito sono e havia tomado um medicamento controlado para ansiedade ao longo do dia. Por isso, ao entrar no veículo, deitou-se no banco traseiro e acabou cochilando.
Segundo seu relato à PM, em dado momento, o motorista parou o veículo e solicitou que ela se movesse para o banco do passageiro, alegando que assim ela poderia utilizar o cinto de segurança.
Com o veículo em movimento, ele começou uma série de questionamentos, indagando se a passageira havia ingerido bebida alcoólica e se ela gostaria de “fumar um”. A jovem respondeu que não havia bebido nem fazia uso de drogas, explicando que apenas havia tomado o medicamento.
A partir desse momento, começou a tocá-la, passando a mão em suas pernas. Em seguida, desamarrou o laço do short que ela usava e colocou a mão por dentro da roupa. A vítima pediu que ele parasse, mas o motorista insistiu, tentando retirar a peça até conseguir.
A jovem contou que se negou a atender ao pedido do motorista, mas ele insistiu, quando teria virado a vítima de costas e iniciado o estupro.
Em determinado momento, ela conseguiu impedir que ele prosseguisse, e o motorista desistiu da ação, retomando a viagem.
O suspeito deixou a passageira na porta de casa, na Região Centro-Sul da cidade, e foi embora.
A reportagem entrou em contato com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e com a Polícia Civil (PCMG) e aguarda um posicionamento.
A Itatiaia tenta contato com a defesa dos motoristas. O espaço está aberto caso queiram se manifestar.
Como denunciar
Para denunciar casos de violência contra as mulheres, ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher, que recebe ligações telefônicas gratuitas de todo o país, de forma confidencial. Pelo número, você pode receber orientações sobre direitos e informações sobre a rede de serviços públicos disponíveis em seu município. Em casos de emergência, ligue 190.
O Ligue 180 também funciona como um canal de denúncia, encaminhando os casos aos órgãos estaduais da Segurança Pública e do Ministério Público.
A denúncia de uma violência sexual também pode ser feita em qualquer delegacia de polícia civil, sendo as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) e as Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) as principais portas de entrada dessas denúncias.