O que está em jogo na decisão desta 6ª sobre a responsabilidade da BHP no desastre de Mariana

Tribunal de Londres divulgará nesta o resultado do julgamento que pode definir se a mineradora australiana será responsabilizada pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015

Rompimento da barragem de Mariana é a maior tragédia ambiental do Brasil

O Tribunal Superior de Londres vai divulgar nesta sexta-feira (14), às 6h30 (horário de Brasília), a decisão sobre a responsabilidade da mineradora BHP pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorrido em 2015. O caso é considerado o maior processo coletivo ambiental já julgado pela Justiça britânica.

A sentença encerra uma etapa de quase sete anos de disputas judiciais e pode representar o primeiro reconhecimento formal da responsabilidade da BHP na tragédia. A mineradora é uma das controladoras da Samarco, empresa que operava a barragem.

Uma coletiva de imprensa online está marcada para as 11h30 (horário de Brasília) para comentar o resultado.

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O caso

A ação é movida pelo escritório internacional Pogust Goodhead em nome de cerca de 620 mil pessoas afetadas pelo rompimento da barragem. O escritório busca indenizações que podem chegar a 36 bilhões de libras (cerca de R$ 266 bilhões).

A BHP argumenta que o processo no Reino Unido é duplicado e que as reparações estão sendo conduzidas no Brasil, por meio da Fundação Renova, criada em 2016. A empresa afirma que já destinou bilhões de reais em compensações e projetos socioambientais.

Caso seja condenada, a mineradora poderá recorrer, o que pode prolongar o processo até 2028.

A Pogust Goodhead afirma que a ação britânica busca reparação para pessoas e municípios que não foram contemplados nos acordos firmados no Brasil. A BHP, por sua vez, sustenta que já vem cumprindo suas obrigações de reparação no país.

A tragédia

A barragem de Fundão se rompeu em 5 de novembro de 2015, liberando cerca de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração. O desastre causou 19 mortes, destruiu comunidades inteiras e contaminou 700 quilômetros do rio Doce até o oceano Atlântico.

A estrutura era operada pela Samarco, controlada pela Vale e pela BHP.

Cronologia do caso:

  • 5 de novembro de 2015 – Rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG).
  • 2016 – Criação da Fundação Renova para gerir ações de reparação no Brasil.
  • Novembro de 2018 – Ação coletiva é apresentada nos tribunais do Reino Unido por atingidos do desastre.
  • Julho de 2022 – Justiça britânica reconhece ter jurisdição para julgar o caso.
  • 25 de outubro de 2024 – Governo federal e governos de Minas e Espírito Santo assinam, em Brasília, um novo acordo de repactuação das indenizações, estimado em até R$ 170 bilhões.
  • 21 de outubro de 2024 – Início do julgamento da BHP em Londres.
  • Janeiro a março de 2025 – Oitiva de especialistas e apresentação das alegações finais.
  • 13 de março de 2025 – Encerramento do julgamento.
  • 14 de novembro de 2025 – Divulgação da sentença sobre responsabilidade da BHP.
Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.

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