Novo acusa PSOL e PT de perseguirem Flávio Bolsonaro e aciona Conselho de Ética

Representação pede cassação ou suspensão de mandato após deputados solicitarem investigação criminal sobre vigília convocada pelo senador em apoio a Jair Bolsonaro

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)

O partido Novo protocolou uma representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contra quase toda a bancada do PSOL e contra o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias, acusando-os de quebra de decoro por terem solicitado investigações criminais contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Os parlamentares do PSOL e o petista pediram apuração após uma vigília de oração convocada pelo senador em Brasília, em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, preso no último sábado (22).

Em 21 de novembro, Flávio Bolsonaro divulgou um vídeo convocando uma “vigília de oração” na capital federal. Além de pedir orações pela saúde de Jair Bolsonaro, o senador mencionou a “volta da democracia”, falou em “lutar pelo país” e fez críticas a autoridades que, segundo ele, perseguem inocentes enquanto mantêm “bandidos” no poder.

No dia seguinte, deputados do PSOL levaram uma notícia-crime à Procuradoria-Geral da República (PGR), atribuindo ao senador possíveis crimes como incitação, interferência indevida na Justiça, atos contra o Estado Democrático de Direito e colaboração com organização criminosa. Para os parlamentares, a vigília poderia ter servido para facilitar uma suposta tentativa de fuga do ex-presidente.

Em 23 de novembro, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, encaminhou pedido semelhante diretamente ao ministro Alexandre de Moraes, relator dos casos relacionados a Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Em manifestação pública, Lindbergh afirmou que o ato não seria religioso, mas “uma massa de manobra” que, na avaliação dele, buscava tumultuar e dificultar eventual atuação das autoridades.

Como o Novo interpreta o ato

Na representação apresentada ao Conselho de Ética, o Novo sustenta que o vídeo publicado por Flávio Bolsonaro tem “conteúdo essencialmente religioso, pacífico e ordeiro”, protegido pelos direitos constitucionais de liberdade religiosa e de reunião. Segundo o partido, nenhuma frase, imagem ou gesto do senador sugeriria plano de fuga, incitação à desordem ou qualquer interferência na Justiça.

O documento afirma que tratar o ato como criminoso é “manipular os fatos” com fins políticos e perseguir adversários por meio do sistema de Justiça. Para o partido, os pedidos de investigação feitos por PSOL e PT equivalem a criminalizar o exercício legítimo de direitos fundamentais.

A legenda afirma que os parlamentares teriam abusado do direito de petição ao acionar PGR e STF, infringindo normas do Código de Ética e Decoro Parlamentar que exigem:

  • defesa do interesse público,
  • respeito à Constituição e às garantias de liberdade de reunião, expressão e religião.

O Novo argumenta ainda que os pedidos feitos pelos deputados distorcem o princípio da “laicidade colaborativa”, segundo o qual o Estado brasileiro não é hostil às manifestações religiosas no espaço público.

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Quem são os alvos

A representação abrange praticamente toda a bancada do PSOL:

  • Célia Xakriabá
  • Erika Hilton
  • Fernanda Melchionna
  • Chico Alencar
  • Glauber Braga
  • Pastor Henrique Vieira
  • Ivan Valente
  • Luciene Cavalcante
  • Luiza Erundina
  • Samia Bomfim
  • Talíria Petrone
  • Tarcísio Motta

Além deles, também é alvo Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara.

O que o Novo pede ao Conselho de Ética

O partido solicita que o colegiado:

  1. abra processo ético-disciplinar contra todos os citados;
  2. realize coleta de provas documentais e testemunhais;
  3. aplique, ao final, a pena de perda de mandato ou, subsidiariamente, a suspensão do mandato e de todas as prerrogativas regimentais.

O Conselho de Ética da Câmara ainda não confirmou quando deve analisar o pedido.

Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.

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