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Motta barra Eduardo Bolsonaro de assumir liderança da Minoria na Câmara

Deputado está nos Estados Unidos e havia sido indicado para o cargo pelo PL em uma tentativa de driblar uma eventual cassação por faltas

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP)

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), negou nesta terça-feira (23) a indicação do PL para que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ocupasse a liderança da Minoria na Casa. Nos Estados Unidos desde março, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) havia sido indicado para o cargo pela oposição em uma tentativa de driblar uma eventual cassação por faltas.

Motta se baseou em um parecer da Secretaria-Geral da Mesa (SGM). No documento, o órgão aponta que, embora haja possibilidade dos parlamentares participarem à distância das votações, pelo aplicativo Infoleg, isso não dispensa o comparecimento presencial às sessões.

“A evolução tecnológica e as circunstâncias excepcionais, como a pandemia, levaram à criação de mecanismos alternativos, como o registro de presença por meio do aplicativo Infoleg durante as sessões semipresenciais, conforme previsto no art. 2º, II, do referido Ato da Mesa n. 123/2020. Contudo, essa faculdade não é irrestrita e não exime o parlamentar do cumprimento de seus demais deveres regimentais”, diz a SGM.

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No parecer, o órgão indica ainda que a ausência de qualquer deputado do país, independente da natureza da viagem, depende de comunicação oficial à Câmara. Com isso, a ausência dessa informação, como é o caso de Eduardo Bolsonaro, “constitui, por si só, uma violação ao dever funcional do parlamentar” e impede que ele seja enquadrado nas regras de excepcionalidade do comparecimento à Casa.

Segundo a SGM, esses fatos mostram que há uma incompatibilidade do exercício da liderança pelo deputado do PL.

“Dentre as atividades incompatíveis com o exercício remoto da liderança, destacam-se aquelas referentes à atuação em Plenário e Comissões, tais como orientação de bancadas durante as votações, uso do tempo de líder para debate em torno de assuntos de relevância nacional, e a apresentação e encaminhamento de requerimentos procedimentais. Todas essas atividades indubitavelmente demandam a presença física do parlamentar”, indica o parecer.

A rejeição de Motta ao pedido do PL vem um dia após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar Eduardo e o inluenciador bolsonarista Paulo Figueiredo por suas atuações nos EUA contra autoridades brasileiras para tentar interferir no julgamento do ex-presidente Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

Repórter de política em Brasília. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), chegou na capital federal em 2021. Antes, foi editor-assistente no Poder360 e jornalista freelancer com passagem pela Agência Pública, portal UOL e o site Congresso em Foco.