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Julgamento: Moraes rebate alegações de contradição na delação de Mauro Cid

Ministro do Supremo Tribunal Federal e relator da ação penal afirmou que estratégia de apontar omissões em delação ‘beira a litigância de má fé’

Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, afirmou nesta terça-feira (09), na retomada do julgamento da suposta trama golpista, que “beira a litigância de má fé" afirmar que os primeiros oito depoimentos de Mauro Cid configuram “oito delações”, conforme sustentam as defesas de alguns réus.

Segundo ministro e relator da ação penal, eventuais omissões e contradições de Cid não anulam sua delação. “Não há nem oito, nem nove, nem quatorze delações”, continua Moraes.

“As defesas insistem, eu diria, que confundem os oito primeiros depoimentos dados sucessivamente em 28 de agosto de 2023, com oito delações contraditórias. Isso foi reiteradamente dito aqui, como se fosse uma verdade. Isso, com todo o respeito, beira a litigância de má-fé, isso beira a litigância de má-fé, dizer que os oito primeiros depoimentos foram oito delações contraditórias”, segue Moraes.

Na semana passada, durante o segundo dia do julgamento, pela Primeira Turma, o advogado de Jair Bolsonaro (PL), Cézar Vilardi, questionou a delação premiada do ex-ajudante de ordens do ex-presidente.

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“Um processo que tem início, em relação ao ex-presidente, com base em uma delação e em uma minuta encontrada no celular de um colaborador da Justiça. Daí em diante, o que aconteceu com a investigação da PF e com a denúncia do MP é uma sucessão inacreditável de fatos”, afirmou.

Moraes, na sustentação desta terça, defendeu o processo de delação. “A colaboração premiada não é privativa do Ministério Público. As discussões foram longas do plenário e, por ampla, a maioria, de 8 votos a 3, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a colaboração premiada é um meio de obtenção de prova. Como meio de obtenção de prova, a polícia também tem o direito de realizar o acordo com o investigado colaborador”, afirmou.

O julgamento

Os réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. Somadas, as penas podem chegar a mais de 30 anos de prisão.

Nos dois primeiros dias de julgamento, foram ouvidas as sustentações das defesas dos réus, enquanto Paulo Gonet, procurador-geral da República, defendeu o pedido para a condenação dos acusados.

A sequência dos votos será:

  • Alexandre de Moraes (relator)
  • Flávio Dino
  • Luiz Fux
  • Cármen Lúcia
  • Cristiano Zanin (presidente da Primeira Turma)

Os réus serão condenados ou absolvidos caso haja voto de pelo menos três dos cinco membros da Turma. Devido à jurisprudência do STF, só deve haver recurso para o plenário da Corte caso haja dois votos divergentes.

São réus:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • Walter Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice na chapa do ex-presidente em 2022
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator.

Os crimes investigados:

  • Organização criminosa armada,
  • Tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito,
  • Tentativa de golpe de Estado,
  • Dano qualificado pela violência e grave ameaça e
  • Deterioração de patrimônio tombado.

Agenda das sessões:

  • Dia 9, terça-feira – às 9h e às 14h;
  • Dia 10, quarta-feira – às 9h;
  • Dia 11, quinta-feira – às 9h e às 14h;
  • Dia 12, sexta-feira – às 9h e às 14h.

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.
Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.
Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.
Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio