O Governo de Minas e comunidades quilombolas divergiram nesta quarta-feira (01), durante
As lideranças comunitárias afirmam que não houve consulta prévia, livre e informada antes do leilão e que o traçado atinge diretamente territórios tradicionais. Para Makota Kidoyale, do Quilombo Manso Buscayango, “o estado não está tendo boa-fé com essa escuta, não está cumprindo os acordos que nós temos feito pra que essa consulta prévia possa acontecer”.
Ela destacou ainda a preocupação com os impactos sociais e culturais do projeto. “Isso vai causar danos aos terreiros, às comunidades quilombolas. Nós teremos que pagar pedágio para acessar territórios vizinhos? Isso é um absurdo, tinha que ter sido dialogado conosco e não foi”, afirmou.
Já o governo argumenta que a consulta está em andamento, conforme a secretária de Desenvolvimento Social, Alê Portela. “O governo do Estado de Minas Gerais, junto com a empresa, está fazendo a consulta das comunidades que estão dentro do traçado do Rodoanel”. Segundo ela, 14 comunidades quilombolas, povos indígenas, ciganos e carroceiros estão incluídos no processo.
Alê Portela também ressaltou os benefícios esperados com o empreendimento. “Eu tive a oportunidade de demonstrar como o Rodoanel vai impactar positivamente a vida de tantas famílias e como a consulta está sendo executada, quais são as comunidades que estão sendo ouvidas e as que já foram concluídas”, disse.
O Rodoanel da RMBH é um projeto em regime de Parceria Público-Privada para construção, operação e manutenção de uma via de contorno que interligará municípios da região metropolitana. A iniciativa prevê cerca de 100 quilômetros de extensão, distribuídos em quatro alças (Norte, Oeste, Sudoeste e Sul), com traçados que cruzam áreas urbanas e de biodiversidade vulnerável.
Apesar de o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) ter aprovado, em fevereiro de 2025, a licença prévia para o empreendimento, o início das obras ainda depende da emissão da licença de instalação.