O PL de Minas está rachado em relação à sucessão mineira. De um lado, a ala que se intitula bolsonarista autêntica, - que tem base eleitoral fincada nas forças de segurança do estado - rejeita a aliança para apoiar o vice-governador Mateus Simões (PSD). O presidente do PL no estado, deputado federal Domingos Sávio, que também é pré-candidato ao Senado, vem costurando acordo em que o PL indicaria o vice na chapa de Mateus e uma candidatura ao Senado. A chapa que vem sendo desenhada seria encabeçada por Mateus Simões, teria Alex Diniz, como vice e, ao Senado, as candidaturas de Domingos Sávio e de Marcelo Aro, secretário de Estado do Governo. Alex Diniz se filiou ao PL e é suplente do senador Cleitinho (Republicanos).
Mas esta arquitetura política está gerando insatisfação interna nas bases das polícias militar e civil, além de ameaças de ruptura de deputados estaduais vinculados a esses grupos. Esses parlamentares, já deixaram claro durante reunião da Executiva do PL, no início deste mês, que se Nikolas Ferreira não for candidato ao governo de Minas, querem apoiar o senador Cleitinho (Republicanos), que também é potencial candidato, embora ainda não tenha anunciado a sua candidatura.
São dois pontos de tensão mais salientes neste racha. O primeiro: tem a ver com as indicações do PL para a eleição ao Senado Federal. Há sete pré-candidatos na legenda, mas até aqui os mais articulados são, além de Domingos Sávio, os deputados federais Eros Biondini, Maurício do Vôlei e o deputado estadual Cristiano Caporezzo, que declara ter o apoio explícito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus filhos.
O segundo ponto da crise: as forças de segurança do estado têm, desde o primeiro mandato de Romeu Zema (Novo), um relacionamento tenso com o governo. Sentem-se desvalorizadas com o sucateamento das condições de trabalho frequentemente denunciado na Comissão de Segurança Pública da Assembleia. Além disso, as forças de segurança também apontam acordos não cumpridos pelo governo Zema de recomposição salarial desde o primeiro mandato.
Essa situação alcançou um ponto de tensão maior esta semana: Nikolas Ferreira foi ao BOPE em 17 de novembro inaugurar um stand de tiros com emenda parlamentar de sua autoria, acompanhado do vice-governador Mateus Simões. Representantes das polícias fizeram chegar aos movimentos conservadores da direita em Minas a sua insatisfação com a presença do vice-governador no evento. Eles reclamaram não ter sido consultados, o que seria respeitoso, considerando ser pública as dificuldades da categoria com o governo Zema. Mas a assessoria do parlamentar Nikolas Ferreira informa que não teria partido dele este convite a Mateus Simões.
O clima anda tenso e todas essas questões vão entrar na pauta de conversa de Nikolas Ferreira nesta sexta-feira, com Jair Bolsonaro.