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Governo barra convocação de representante da Orleans Turismo na CPMI do INSS

Senador Carlos Viana diz que comissão perdeu chance de esclarecer suspeitas de lavagem de dinheiro envolvendo a Contag

Senador Carlos Viana comenta que base governista dificultou o esclarecimento de parte das investigações da CPMI do INSS

O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos MG), afirmou nesta quinta feira (25) que a base governista conseguiu impedir a convocação do representante da Orleans Turismo, empresa apontada pela Polícia Federal como possível canal para lavagem de recursos ligados à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, a Contag.

Viana classificou a decisão como uma perda significativa para a investigação e disse acreditar que, apesar do impasse, novos elementos virão a público. “Nós deixamos de ter uma grande oportunidade em esclarecer um pouco mais sobre o que aconteceu e onde foi parar o dinheiro”, afirmou.

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Pontos principais

  • A Orleans Turismo foi citada pela Polícia Federal em investigação que apura desvios de recursos relacionados à Contag.
  • Segundo o senador, a Contag recebeu valores expressivos em contas que agora entram no foco das apurações.
  • A base governista votou contra a convocação do representante da empresa, bloqueando o depoimento na CPMI.
  • Viana defende mecanismos que incentivem a colaboração de suspeitos, como instrumentos parecidos com a delação premiada, mas reconhece limites legais para a comissão.
  • O presidente da CPMI acredita que, com o tempo, testemunhos e dados que hoje estão ocultos serão revelados.

O que disse o senador

Viana enfatizou que a Orleans Turismo “tem conta da associação que mais recebeu dinheiro no Brasil, a Contag”, e que os valores não são pequenos. Para ele, a possibilidade de ouvir o representante da empresa seria crucial para esclarecer se os recursos foram apenas movimentados ou se houve operação de lavagem.

Ele também fez um apelo ao entendimento de que, embora a CPMI não tenha as mesmas ferramentas que a Polícia Federal, é preciso criar incentivos para que envolvidos colaborem com informações. “Se tentarmos fazer isso hoje, teremos uma decisão do Supremo contra nós. Se pela legalidade, está certo. A Constituição pode não ser clara? Pode. Mas eu tenho para mim que é exatamente para que a gente não obtenha as informações que muita gente quer esconder”, disse.

Contexto e implicações

  • A Contag aparece como uma das entidades que mais recebeu repasses e, por isso, acabou no centro das investigações sobre desvios que teriam prejudicado aposentados e pensionistas.
  • A menção a contas e nomes que atuaram como laranja indica suspeita de esquema estruturado para ocultar a origem dos recursos.
  • A recusa em convocar o representante da Orleans Turismo reduz a capacidade imediata da CPMI de confrontar documentos, contratos e cobranças referentes aos valores recebidos.
  • Mesmo sem o depoimento, a comissão pode continuar a cruzar dados bancários, relatórios e depoimentos já colhidos para tentar recompor o rastro do dinheiro.

Próximos passos apontados pelo presidente da CPMI

  • Reunir e cruzar novos dados financeiros que já estão sendo mapeados por órgãos policiais e pelos próprios integrantes da comissão.
  • Buscar depoimentos de pessoas consideradas vulneráveis no esquema, que, segundo Viana, podem vir a colaborar quando perceberem que serão responsabilizadas.
  • Avaliar instrumentos legais que aumentem as chances de colaboração, observando os limites impostos pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
  • Continuar a investigação mesmo com as derrotas pontuais na comissão, na expectativa de que “mais cedo ou mais tarde os dados todos vão começar a aparecer”.

Trecho selecionado do discurso

“Quando não vem e o governo conseguiu, pela base, impedir, eu, como presidente, tenho que respeitar a decisão. Mas, a meu ver, nós deixamos de ter uma grande oportunidade em esclarecer um pouco mais sobre o que aconteceu e onde foi parar o dinheiro. Mas há muitos capítulos ainda a serem construídos.”

Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.