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Relator da CPMI do INSS reforça Careca do INSS como elo central da fraude

Alfredo Gaspar afirma que silêncio do investigado não atrapalha CPMI e que esquema envolveu descontos ilegais e fraudes em consignados

Relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar reforça a afirmação do envolvimento de Careca do INSS na fraude bilionária da previdência

O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou nesta quinta-feira (25) que o depoimento de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, não agregou diretamente às investigações. Segundo o parlamentar, o silêncio do depoente não impede o avanço dos trabalhos, já que há indícios robustos de que ele integra uma organização criminosa responsável pelo maior desvio de recursos da Previdência Social já identificado no país.

Gaspar destacou que a Polícia Federal e a própria CPMI já reuniram provas que colocam o investigado no “epicentro do maior roubo aos aposentados e pensionistas do Brasil”. De acordo com o relator, o grupo teria movimentado mais de R$ 6 bilhões em operações fraudulentas. “Montaram uma estrutura de máfia dentro da Previdência. Mais de 97% dos entrevistados pela CGU afirmaram nunca ter autorizado descontos associativos. Esse mecanismo foi usado para legitimar retiradas ilegais da folha de aposentados e pensionistas”, afirmou.

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O deputado também chamou atenção para a dimensão do problema envolvendo empréstimos consignados, que representam cifras ainda maiores. Segundo ele, enquanto os descontos associativos variavam entre R$ 300 e R$ 400 milhões, os consignados chegaram a movimentar R$ 7 bilhões por mês em 2023.

Gaspar apontou possíveis irregularidades como autorizações falsas, cobranças sem contrato e taxas de juros diferentes das pactuadas. “O que foi desviado dos aposentados é grave, mas a maior parte ficou nas mãos da organização criminosa. Acima do Careca estão os verdadeiros chefes que ele tenta proteger”, disse.

O relator ressaltou que apenas 10 das 40 associações investigadas foram analisadas até agora, mas os números já revelam desvios que ultrapassam R$ 1 bilhão. Ele afirmou que, com o envio dos pedidos de quebra de sigilo bancário e fiscal aprovado nesta semana, a CPMI terá acesso a dados mais concretos a partir dos próximos dias. “Não podemos permitir que mais de R$ 6 bilhões roubados fiquem impunes. O que importa é seguir o rastro do dinheiro e responsabilizar quem se beneficiou do crime”, concluiu Gaspar.

Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.