Pela terceira vez neste ano, parlamentares do PSD fazem circular a informação de filiação do vice-governador Mateus Simões (Novo) ao partido, legenda do senador Rodrigo Pacheco. Pacheco é potencial candidato ao governo de Minas, estimulado pelo presidente Lula, que deseja construir no estado uma ampla coligação em torno do senador.
Pacheco transita da direita não bolsonarista à esquerda. Mas o senador é também nome cotado para o Supremo Tribunal Federal (STF). Na hipótese da antecipação da aposentadoria do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, o campo político de Pacheco precisaria buscar alternativas em Minas. O ministro tem afirmado a interlocutores próximos que pretende sair do Supremo, mas “com calma”. Não precisou datas.
Mateus Simões tem a resposta pronta a quem lhe indaga se irá se filiar ao PSD. Diz que as conversas seguem avançando e que a legenda está na base de apoio ao governo Zema na Assembleia Legislativa. O vice-governador tenta desalojar Rodrigo Pacheco do PSD, porque pretende disputar com ele os eleitores ao centro político.
Na direita bolsonarista, o vice-governador tem tido dificuldades em convencer o senador Cleitinho (Republicanos), que lidera as pesquisas, a desistir de sua candidatura. E agora, surge também a possibilidade da candidatura do deputado federal Nikolas Ferreira (PL).
As indefinições em Minas decorrem, sobretudo, do plano nacional que formata as coligações nas sucessões aos governos estaduais. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai concorrer ou evitará o confronto com a família Bolsonaro? O Centrão quer indicar o vice em eventual chapa de Tarcísio de Freitas.
Para isso, precisa isolar Eduardo Bolsonaro e diminuir a influência da família nesse processo de convencimento de Bolsonaro a apoiar Tarcísio. Mas na família do ex-presidente, Michelle Bolsonaro (PL) entrou na disputa pelo capital eleitoral do marido. Em recente entrevista ao jornal britânico The Guardian, diante da ausência de Jair Bolsonaro, não descartou uma candidatura em 2026.
Para além de Tarcísio de Freitas, que ainda hesita, já se lançaram ao Planalto os governadores Romeu Zema (Novo), Ratinho Júnior (PSD) e Ronaldo Caiado (União). Tal fragmentação desse campo também dificulta a unidade de coligações nos estados.
A esse contexto, soma-se uma pergunta decisiva: em que condições chegará o presidente Lula em 2026? Se estiver bem avaliado será um cenário favorável às composições nos estados para as candidaturas ligadas ao governo federal. Mas se estiver mal avaliado, costuma prevalecer a máxima popular: “cão danado, todos a ele”.