Ouvindo...

Bertha Maakaroun | Possível aposentadoria de Barroso no STF pode mudar rota política em Minas

Pela legislação em vigor, a aposentadoria compulsória ocorre aos 75 anos. Mas, em algumas fases de sua carreira, o ministro manifestou a intenção de deixar a Corte antes

À medida em que se aproxima o fim do biênio do ministro Luís Roberto Barroso na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), aumenta em Brasília o suspense em relação ao futuro profissional de Luís Roberto Barroso. Aos 67 anos, ele vai se aposentar ou seguirá no STF? Pela legislação em vigor, a aposentadoria compulsória ocorre aos 75 anos. Mas, em algumas fases de sua carreira, o ministro manifestou a intenção de deixar a Corte antes. A última vez em que tocou no assunto, contudo, em 18 de agosto, declarou durante agenda no Mato Grosso, que não pretendia se aposentar. De lá para cá, o ministro tem evitado tratar desse assunto. Em entrevista ao “Roda Viva”, nesta segunda-feira, fez suspense quando perguntado. Respondeu: "É muito difícil deixar de ser ministro do Supremo. Por enquanto, é só isso que eu posso te responder”.

Barroso convidou ministros e amigos próximos para um jantar de despedida nesta quarta-feira em sua casa. Mas não especificou se a despedida será da presidência do STF ou da carreira como ministro. Nesta quinta-feira, ele presidirá a última sessão da Corte, antes de passar a presidência ao ministro Edson Fachin, na segunda-feira, 29 de setembro.

Mas o que a eventual aposentadoria de Luís Roberto Barroso tem a ver com a sucessão ao governo de Minas em 2026? O senador Rodrigo Pacheco (PSD) pré-candidato do presidente Lula (PT) ao Palácio Tiradentes é nome cotado para o STF, na hipótese de abertura da vaga. Pacheco é o preferido do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) e dos senadores governistas. O presidente da República, contudo, tem demonstrado aos interlocutores que gostaria de construir a candidatura de Pacheco em Minas. Para o STF, Jorge Messias, advogado-geral da União é um de seus nomes preferidos. Caso a aposentadoria de Barroso ocorra, haverá também pressão para a nomeação de uma mulher. Cármen Lúcia é a única ministra da Corte. A hipótese da aposentadoria de Luís Roberto Barroso pode sim ter consequências profundas na sucessão mineira. Sem Rodrigo Pacheco, o campo não bolsonarista terá de partir do zero em nova construção para concorrer ao Palácio Tiradentes.

Leia também

Jornalista, doutora em Ciência Política e pesquisadora

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.