A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) apresentou, nesta quarta-feira (1º), um estudo que afirma que caso a Câmara Municipal de Belo Horizonte aprove o
Por outro lado, defensores dizem que o estudo é desonesto, e apontam que os números apresentados pela federação não condizem com exemplos de outras cidades. Argumentam ainda que o aumento da demanda, somado com o custo do transporte, não passaria de 30% a mais do atual valor de custeio total do sistema público de ônibus.
O estudo foi elaborado pela Gerência de Economia e Finanças Empresariais da FIEMG, e afirma que caso avance a ideia de criar uma Taxa de Transporte Público (TTP) voltada às empresas com mais de nove funcionários para custear o transporte gratuito, o impacto financeiro seria negativo para a economia da cidade.
Segundo a federação, levando em conta dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que fez um levantamento no ano passado analisando impacto da tarifa zero em cidades com mais de 500 mil habitantes, o orçamento municipal poderia ser comprometido em 12% caso a proposta se efetivasse.
Um ponto levantado pelo estudo é que, das 106 cidades com Tarifa Zero no Brasil, apenas 31 possuem população superior a 50 mil habitantes, sendo Caucaia (CE), com 356 mil habitantes, a maior delas.
Segundo a FIEMG, levando em consideração uma possível ampliação da demanda do transporte público, o ônus financeiro das empresas poderia ser maior.
O estudo diz que no ano passado, o custo total do transporte por ônibus na capital foi de R$1,7 bilhão. Levando em consideração um aumento de passageiros de pelo menos 20% com a gratuidade, o custo poderia passar de R$2,05 bilhões.
Se houvesse uma elevação de 50% da demanda, o valor poderia chegar aos R$2,57 bilhões. Já na hipótese de dobrar o número de passageiros, o custeio do transporte poderia chegar aos R$ 3,42 bilhões.
A federação alerta que, levando-se em consideração o valor de R$168,82 por funcionário, valor que teria que ser arcado por empresas sediadas em Belo Horizonte, o valor total do arrecadado não passaria de R$ 1,82 bilhão, não sendo o suficiente para lidar com possível aumento de demanda. Consequentemente, o valor da taxa para empresas poderia aumentar para suprir a diferença.
Desemprego e massa salarial
Os dados apresentados pela FIEMG apontaram que a Tarifa Zero, em um prazo de 12 a 60 meses, poderia significar além da queda de faturamento das empresas, uma queda da massa salarial, postos de trabalho e aumento da inflação.
O estudo diz que levando em consideração o cenário onde há elevação de 100% da demanda do transporte público com a gratuidade, as empresas iriam contar com 55,3 mil empregos à menos. A massa salarial iria cair cerca de R$1,1 mil, e a inflação no município poderia elevar em 3%.
Apoiadores do projeto questionam estudo
Para um dos coordenadores do
“O que a gente pode dizer desse estudo da FIEMG é que ele é no mínimo desonesto, e confunde premissas básicas da economia para confundir os vereadores e a população. Ele confunde demanda com custo, ele fala que se aumentasse o número de passageiros, o custo do sistema de transporte vai dobrar, que não é verdade”, destaca.
Veloso estima que o haveria um aumento de 20% a 30% do custo de sistemas com implementação da Tarifa Zero, o que estaria previsto no período de transição do PL. “Em segundo lugar, ele também não leva em consideração o ganho que as empresas pequenas vão ter com a liberação de rendas das pessoas mais pobres, a gente sabe que hoje os mais pobres gastam até 20% do seu orçamento com transporte, são pessoas que não saem de casa, usam pouco ônibus, porque não tem dinheiro para fazer isso, e de repente a gente vai poder acessar o centro da cidade vão ter dinheiro liberado, podendo acessar um comércio de empresas que não gastam e não vão gastar mais como vale-transporte, que vão ter um custo reduzido”, afirmou.
Já uma das autoras do projeto de lei,
“Esse estudo é de junho de 2025. E ele só ficou disponível agora para o público em outubro de 2025, dois dias antes da votação. O que me parece uma forma de fazer um terrorismo sobre os vereadores. E o estudo confunde muitas coisas. Por exemplo, confunde o aumento da demanda que vai ter de usuários com o aumento de custo do transporte. Em todas as cidades com tarifa zero, nós observamos que sim tem um aumento grande da demanda, mas o aumento de custo do transporte ele não ultrapassa 30%”, pontua.
“Então, o estudo projeta um aumento de custo muito maior. Segunda coisa, que o estudo desconsidera a quantidade que os empresários já gastam com vale transporte. E sabem que seus funcionários pegam ônibus de péssima qualidade, têm dificuldade para chegar no trabalho, pagando muito caro de vale transporte. Então, com a tarifa zero, o vale transporte vai ser zero e vai ser substituído por essa taxa. O estudo feito pela UFMG demonstrou que 80% das empresas vão economizar com essa nova forma de financiamento”, conclui.