Alessandro Vieira assina CPI para apurar relação entre Moraes e Banco Master

Senador diz que apuração deve esclarecer contrato milionário ligado ao escritório da esposa do ministro do STF e possível interferência em favor do banco

O senador Alessandro Vieira (MDB-ES)

O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) confirmou à reportagem da Itatiaia que já assinou o pedido de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a suposta relação entre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e o Banco Master. A iniciativa mira possíveis conflitos de interesse envolvendo contratos milionários e eventuais interferências do ministro em benefício de clientes ligados ao escritório de advocacia de sua família. Em entrevista, Vieira afirmou que considera essencial uma reação institucional do Congresso. Segundo ele, a CPI é necessária para apurar, com critério e profundidade, as suspeitas relacionadas ao banco e à possível atuação de Moraes em favor de interesses privados.

De acordo com o senador, a investigação pretende esclarecer se existiu um contrato que teria garantido o pagamento de R$ 3,6 milhões ao escritório de advocacia da esposa do ministro, Viviane Barci de Moraes, com contraprestação considerada mínima. Outro ponto citado é a apuração sobre eventual interferência direta de Alexandre de Moraes em benefício de clientes vinculados à banca familiar.

Vieira destacou que o caso exige atenção redobrada devido ao peso dos envolvidos. Para ele, a dimensão das suspeitas reforça a necessidade de transparência e de ampla exposição pública do tema, como forma de garantir resultados efetivos da eventual comissão. O senador informou ainda que aguarda o fim do recesso parlamentar para protocolar formalmente o pedido de CPI no Senado. Segundo ele, dar visibilidade ao assunto é um passo decisivo para que as perguntas levantadas sejam respondidas de maneira objetiva.

A articulação pela abertura da CPI também conta com o apoio dos senadores Eduardo Girão e Rogério Marinho, sinalizando um movimento da oposição para cobrar explicações de Alexandre de Moraes sobre a relação do Banco Master com o escritório de advocacia ligado à sua família. O parlamentar ressaltou que a proposta da comissão não é antecipar julgamentos. Segundo ele, a intenção é lançar luz sobre os fatos, sem pré-condenações à esposa do ministro, ao próprio Moraes ou a qualquer outro envolvido, mas garantindo que situações dessa relevância sejam devidamente apuradas.

Vale lembrar que o ministro Dias Toffoli determinou que materiais sigilosos apreendidos no celular de Daniel Vorcaro, dono da instituição, sejam retirados do alcance da CPMI do INSS e fiquem sob a guarda da Presidência do Senado Federal.

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Por decisão de Toffoli, os documentos foram encaminhados ao gabinete do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), onde permanecerão acautelados até nova deliberação do STF. O ministro também ordenou a anulação das quebras de sigilo telemático, bancário e fiscal determinadas pela comissão parlamentar. Segundo o gabinete de Toffoli, permanecem válidas apenas as quebras de sigilo autorizadas anteriormente pelo juízo criminal de origem. Banco Central e Receita Federal foram comunicados para encaminhar as informações diretamente ao Supremo, onde o mérito ainda será analisado.

Alessandro Vieira lembrou que já apresentou pedidos de impeachment contra ministros do STF no passado, incluindo Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, em 2019, mas reconheceu que esse tipo de iniciativa costuma enfrentar resistência no Congresso. Ainda assim, o senador afirma que a CPI é o instrumento mais adequado para esclarecer os fatos e responder às suspeitas que cercam o caso.

Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.

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