Funcionários da
Durante mais de quatro horas de audiência, servidores da empresa elencaram situações de adoecimento mental de trabalhadores da empresa, esvaziamento de conselhos editoriais e a troca de funcionários concursados por nomes escolhidos pelo governo estadual em cargos comissionados.
Lina Patrícia Rocha Laredo, servidora da EMC e presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, apresentou o cálculo de que foram instaurados 112 cargos comissionados nas emissoras estatais sob a gestão de Romeu Zema (Novo) no estado. Durante um de seus momentos de fala na audiência, ela defendeu o funcionalismo público como medida de proteção das instituições.
“O concursado, muitas vezes é a última fronteira para a proteção do patrimônio público e eles muitas vezes denunciam essas práticas ilegais, irregulares ou de corrupção que acontecem. Já vimos isso muitas vezes”, afirmou a jornalista.
Já a presidente da Comissão Editorial da EMC, Vaneli Waleska Falci Carvalho Silva, denunciou que o conselho em questão foi esvaziado nos últimos dois anos e substituído por uma diretoria comissionada e alinhada ao governo estadual.
“Nós paramos de receber, a partir de meio de 2023, demandas da diretoria de conteúdo e programação para avaliarmos e darmos um parecer sobre cada proposta de programa novo e coluna nova que entraria. Tudo passou a ser decidido diretamente pela diretoria de programação”, afirmou.
Presentes na audiência, diretores da rádio e televisão públicas defenderam a atual gestão das emissoras. O presidente da EMC, Gustavo Mendicino, afirmou que a empresa conta com 250 funcionários e, destes, 89 são terceirizados. Ele argumenta que o número não configura um excesso na terceirização, como havia sido apontado pelos denunciantes.
Já o diretor-geral da EMC, Luciano Correia Gonçalves, defendeu a administração da empresa contra as denúncias de assédio moral. Ele afirma que a empresa investe no fortalecimento das práticas de compliance.
“Temos um conselho curador presente, o conselho administrativo da EMC vem aprovando uma série de novas regras de governança que atingem os mais altos níveis de compliance de uma empresa pública. É uma das empresas mais bem avaliadas no compliance entre as empresas públicas mineiras”, declarou.
A audiência foi realizada a pedido do presidente da Comissão de Cultura da Assembleia, o deputado Professor Cleiton (PV). O parlamentar destacou que outras sessões serão marcadas para seguir com os debates sobre o tema.
EMC debatida na Assembleia
A Empresa Mineira de Comunicação (EMC) vem sendo amplamente debatida na Assembleia desde maio deste ano. Inicialmente, a discussão tratava sobre os interesses do governo Zema em privatizar ou federalizar a empresa como forma de abater parte dos débitos com a União no âmbito do
O Executivo mineiro, no entanto, retirou o projeto de pauta após alegar que o governo federal não teria interesse em incorporar a EMC como forma de abater o débito de R$ 170 bilhões. A empresa foi substituída no plano pela
As emissoras públicas do estado voltaram à pauta no fim de setembro quando o deputado Dr. Jean Freire (PT) acionou o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pedindo a
No caso específico, o deputado cita o programa “Opinião Minas” veiculado em 26 de setembro, edição em que o presidente estadual do Partido Novo, Christopher Laguna, foi entrevistado.
O registro do “Opinião Minas” de 26 de setembro mostra o apresentador do programa fazendo um preâmbulo elogioso ao Partido Novo antes de iniciar a entrevista com Laguna.
“O novo é algo que transforma, que muda, que contrasta, que é propositivo, que é conceitual, transformador, moderno. E foi assim, em 2011, que alguns homens decidiram se unir. Todos eles em comum, eram homens ficha limpa e tinham uma postura ilibada, um comportamento sério e o desejo de transformar indignação em ação. Foi assim que lá atrás, em 2011, surgiu no horizonte um novo partido político no Brasil, o Partido Novo”, disse ao abrir o programa.
Jean Freire estava presente na audiência pública desta quinta-feira e trouxe o fato à tona. Também estava na sessão Jacques Leal, o apresentador do “Opinião Minas”, que se defendeu com argumentos religiosos.