A estratégia da defesa de Carla Zambelli voltou a ganhar tempo na Justiça italiana. Pela terceira vez, a
O adiamento ocorre depois de uma nova alegação da defesa, que tenta impedir o retorno de Zambelli ao Brasil e sustenta que ela deveria ser julgada em território italiano. Fabio Pagnozzi, advogado de Zambelli, apresentou documentos adicionais e insistiu na tese de que a ex-parlamentar é alvo de perseguição política e judicial, argumento central para barrar a extradição.
Defesa insiste em perseguição e questiona sistema prisional
Na audiência mais recente, os juízes analisariam justamente os documentos enviados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em resposta a questionamentos da Justiça italiana. O material detalha as condições da Penitenciária Feminina do Distrito Federal, a Colmeia, onde Zambelli cumpriria pena caso seja extraditada.
A defesa tenta explorar brechas nesse ponto. Desde a primeira audiência, realizada em 4 de dezembro, os advogados alegam que o sistema prisional brasileiro não garantiria condições adequadas para o cumprimento da pena, argumento que levou a Corte italiana a suspender temporariamente o julgamento para aguardar esclarecimentos oficiais do Brasil.
Moraes respondeu com um documento de 11 páginas, acompanhado de imagens, afirmando que a Colmeia segue padrões de segurança, salubridade e assistência médica, além de oferecer cursos técnicos às detentas. Também informou que nunca houve rebeliões na unidade. Mesmo assim, os defensores avaliam apresentar novos elementos, o que pode levar a outro adiamento e a uma nova rodada de manifestações, inclusive da Advocacia Geral da União, que representa o Brasil no processo.
Cassação, renúncia e impacto limitado na Itália
No campo político, a situação de Zambelli mudou rapidamente nas últimas semanas. O STF cassou seu mandato, revertendo uma decisão da Câmara dos Deputados, e a ex-deputada acabou renunciando ao cargo no último domingo. Para a Justiça italiana, porém, esses movimentos têm peso limitado.
O que está em jogo na Corte de Apelação é o princípio da dupla imputação: os juízes avaliam se os crimes pelos quais Zambelli foi condenada no Brasil também configuram delitos na legislação italiana. Nesse ponto, o cenário não é favorável à defesa.
Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por invasão de sistemas e adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em um esquema que, segundo a PGR, envolveu o hacker Walter Delgatti. Além disso, ela recebeu outra condenação, de 5 anos e 3 meses, por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal após perseguir armada um apoiador do presidente Lula, em 2022. Ambos os crimes têm correspondência no Código Penal italiano.
Apesar da pressão da defesa, o Ministério Público italiano já se posicionou a favor da extradição. Zambelli segue presa na penitenciária feminina de Rebibbia, em Roma, após a Justiça negar pedidos de liberdade ou prisão domiciliar, apontando risco concreto de fuga.
Se a Corte de Apelação autorizar a extradição, o caso ainda poderá ser levado à Corte de Cassação. Só depois dessas etapas é que a decisão final caberá ao ministro da Justiça da Itália. Até lá, a defesa segue apostando em adiamentos, novos documentos e na narrativa de perseguição política para tentar manter Zambelli fora do alcance da Justiça brasileira.