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Bolsonaro sofre com crises de soluços em prisão domiciliar, diz site

Amigos e apoiadores do ex-presidente, preso em casa por determinação de Alexandre de Moraes, têm se revezado nas visitas e relatam mudanças de humor

Bolsonaro preso em casa tem crises de soluço, mudança de humor e visitantes sem celular

De acordo com informações da Folha de S. Paulo, na primeira semana em prisão domiciliar, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu visitas de parentes e aliados, demonstrando contrariedade com sua situação política e exibindo variações de humor.

Interlocutores que estiveram com Bolsonaro desde a ordem de prisão, determinada na segunda-feira (4), relataram à Folha a frustração dele com o que descrevem como decisão desproporcional do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo um desses relatos, Bolsonaro estava abatido, cansado e chateado, o que gerou preocupação de amigos com seu estado de espírito. Outra fonte, ouvida sob reserva, afirmou que o ex-presidente já aparentava estar um pouco mais tranquilo com a nova condição e sem sinais de depressão.

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Crises de soluço

As crises de soluço, que já ocorriam antes da prisão domiciliar, continuam incomodando Bolsonaro. A condição, segundo a Folha, atrapalha seu sono, dificulta a fala e, em alguns momentos, provoca vômitos.

“Voltaram os episódios de soluço de forma intermitente. Ele já está se tratando do refluxo”, disse Leandro Echenique, cardiologista da equipe médica autorizada por Moraes a acompanhá-lo em casa.

“Ele já teve outras crises em pós-operatórios, mas os períodos eram menores”, acrescentou o médico, descartando relação entre o mal-estar e a prisão domiciliar.

Aliados usam o estado de saúde como argumento para tentar evitar que Bolsonaro, caso seja condenado no julgamento sobre a trama golpista, vá para a prisão.

Visitas alternadas

Para cumprir as restrições impostas por Moraes, visitantes autorizados a entrar na casa do ex-presidente deixam o celular no carro, já que ele está proibido de acessar qualquer telefone.

A senadora e ex-ministra Damares Alves (Republicanos) disse à Folha que Bolsonaro precisará encontrar uma nova rotina para se distrair. Ela lembrou que, antes da decisão de Moraes, Bolsonaro mantinha hábitos fora de casa, como ir à loteria.

“Entendo que a prisão para ele é uma tortura. Ele gosta de fazer coisas. Não tem o que fazer, ele inventa. Ficar dentro de casa para ele não vai ser fácil. Mas claro que vai criar toda uma rotina, dar banho em cachorro, cuidar da casa, ajudar”, afirmou.

Próxima de Michelle Bolsonaro, Damares disse que a ex-primeira-dama talvez precise contratar uma auxiliar doméstica. Michelle, que costuma cozinhar, também almoçava eventualmente com o marido na sede do PL. Ela não deve abrir mão da rotina nem do comando do PL Mulher. No segundo dia de prisão de Bolsonaro, saiu para trabalhar e publicou um vídeo no Instagram usando pantufas, com a frase: “Não podemos deixar que os dias tristes tirem nossa alegria. A alegria do Senhor é nossa força!”.

Segundo a Folha, Damares também pediu autorização para visitar o ex-presidente, e amigos têm tentado organizar visitas alternadas para que ele não fique sozinho durante o dia. A permissão para que familiares e aliados o encontrem trouxe alívio, especialmente por causa da presença dos filhos.

Após a decisão de Moraes, o senador Flávio Bolsonaro (PL) foi à casa do pai, e o vereador Carlos Bolsonaro (PL) chegou a Brasília na quinta-feira (7). Renato Bolsonaro, irmão do ex-presidente, também está presente. Além deles, moram na casa Michelle, a filha Laura e a enteada Letícia. Advogados e médicos também estão autorizados a entrar.

‘Capitão’ triste

O senador Ciro Nogueira (PP), ex-chefe da Casa Civil, foi o primeiro político a visitá-lo. Em vídeo após a visita, disse: “Vi que, apesar de triste, nosso capitão continua inabalável, acreditando no nosso Brasil e confiando em Deus”. No dia seguinte, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ficou quase duas horas com Bolsonaro e declarou que ele estava bem e sereno.

Outros nomes autorizados por Moraes, segundo a Folha, incluem a vice-governadora do DF, Celina Leão (PP), os deputados federais Junio do Amaral (PL), Marcelo Moraes (PL), Luciano Zucco (PL), Domingos Sávio (PL), Joaquim Passarinho (PL), Capitão Alden (PL) e Júlia Zanatta (PL), além do empresário Renato de Araújo Corrêa (PL).

O ministro do STF determinou a prisão por considerar que Bolsonaro descumpriu medidas cautelares ao participar, por videochamada, de um ato no Rio de Janeiro, no qual discursou a apoiadores. Desde então, ele está proibido de usar redes sociais ou telefone e permanece em casa, localizada em um condomínio de alto padrão no Jardim Botânico, em Brasília.

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.