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Setor minerário aposta em ramal ferroviário na Grande BH para diversificar modais de transporte

Investimento é de R$ 1,5 bilhão e promete tirar 5 mil caminhões que circulam diariamente na BR-381

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A construção do ramal ferroviário ‘Serra Azul’ na Grande Belo Horizonte irá representar um avanço na diversificação de modais de transporte segundo avaliação do setor minerário.

A linha férrea, com 26 quilômetros de extensão, irá conectar as cidades de Mateus Leme, Igarapé, São Joaquim de Bicas e Mário Campos à linha férrea da malha regional Sudeste.

A linha permitirá que o minério retirado em minas na Grande BH seja levado à região portuária do Rio de Janeiro, sem a utilização de carretas e caminhões. Com o minério sendo transportado por trilhos, estudos apontam que 5 mil veículos de carga deixarão de circular diariamente na BR-381, no trecho conhecido como Fernão Dias.

O prefeito de Igarapé, Arnaldo Chaves (PP), afirma que é favorável a retirada dos caminhões da rodovia.

“Hoje temos um índice de acidentes muito grande nas rodovias e esse trecho Igarapé, sentido São Paulo, é crítico, com vários acidentes. Qualquer alternativa que se busque para reduzir esses índices é muito positiva”, afirma o prefeito.

‘Redução de acidentes e de tráfego’

O projeto ferroviário Serra Azul pertence à Cedro Mineração. O diretor de projetos ferroviários e de terminais da Cedro, Marlon Ferreira, destaca a mudança que o empreendimento irá provocar.

“Esse projeto vai contribuir muito para redução de acidentes, com redução no fluxo de caminhões na região. Hoje, esses caminhões trafegam na BR-381, nos acessos rodoviários municipais e estaduais, trazendo um grande transtorno. Não só com a questão dos acidentes, mas também com o tráfego pesado. Esses 26,4 quilômetros de ferrovia vão permitir antecipar o embarque desse minério de ferro, que hoje você usa uma primeira perna rodoviária. O embarque vai passar a acontecer muito próximo do ponto de carregamento da mina”, explica Marlon.

Veja mais: Motoristas convivem com o medo na BR-381; ramal ferroviário é alternativa para reduzir número de carretas

Em relação a preocupações do prefeito e moradores, o diretor afirma que, no trecho de área verde na zona rural, a linha férrea irá buscar o menor impacto possível e o traçado será avaliado pelos órgãos ambientais competentes. Na área urbana, a Cedro promete utilizar viadutos e passagens inferiores. Isso quer dizer que o trem passará por cima de ruas e avenidas ou em passagens inferiores, evitando impacto no trânsito dentro das cidades.

A obra irá retirar caminhões da BR-381, que é conhecida como “rodovia da morte”, onde são registradas até 400 mortes por ano. No trecho conhecido como Fernão Dias, a Serra de Igarapé é um local temido pelos motoristas por conta dos graves acidentes, na maioria das vezes envolvendo veículos pesados.

O presidente da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig), Marco Antônio Lage, classifica o investimento em ferrovias como “evolução”.

“Aprovamos todo tipo de transportes mais modernos e mais eficientes que tirem os caminhões das estradas, sobretudo no transporte de minério de ferro, na região Metropolitana de BH. É um transporte que polui, aumenta acidentes e aumenta o custo das manutenção das rodovias. Então, vamos como uma evolução, já que o transporte ferroviário é mais eficiente”, explica Marco Antônio.

A projeção otimista da Cedro é começar as obras em 2027 e colocar o ramal ferroviário em operação em 2030. O investimento é de R$ 1,5 bilhão.

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Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.