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Facebook foi a empresa que mais recebeu de cotas de divulgação de deputados federais

Série de matérias da Itatiaia detalha o uso de cotas para a divulgação de atividade parlamentar na Câmara dos Deputados

Escritório do Facebook no Brasil foi a empresa que mais recebeu costas de divulgação de atividade parlamentar

O Facebook é a empresa que mais recebeu recursos provenientes de cotas parlamentares para a divulgação das atividades do mandato de deputados federais no Brasil nesta legislatura. Levantamento feito pela Itatiaia mostra que a gigante americana de tecnologia que pertence ao mesmo grupo de redes como o Instagram recebeu R$ 5,8 milhões entre janeiro de 2023 e setembro deste ano.

Os gastos para divulgação da atividade dos deputados estão incluídos nos valores disponíveis na Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP). Todos os parlamentares têm direito ao gasto para mostrar o trabalho realizado em Brasília para seus redutos eleitorais.

Ao todo, os deputados federais do país já gastaram R$ 256 milhões com a divulgação da atividade parlamentar nesta legislatura. O Facebook é a empresa que mais registrou valores recebidos desta rubrica. Outras big techs como o Google e o Twitter somam mais R$ 261 mil à conta.

Os números foram retirados da seção de dados abertos do Portal da Transparência da Câmara dos Deputados. Os valores enviados a empresas de tecnologia para impulsionamento em redes sociais compreendem apenas os pagamentos feitos diretamente às plataformas.

Entre os demais pagamentos existem recibos que indicam a contratação de agências de publicidade que, dentro outros serviços, incluem o impulsionamento e gerenciamento de publicações nas redes sociais. Isso indica que uma parte ainda maior desse dinheiro foi destinada a big techs.

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O que é a divulgação de atividade parlamentar?

A divulgação da atividade parlamentar é uma das 13 modalidades de gastos cobertas pelas cotas e é a mais dispendiosa. O uso do recurso é definido como uma forma de informar as atividades do mandato do parlamentar aos eleitores.

O trabalho do deputado na apresentação de projetos, viagens oficiais, discursos e emendas empenhadas, por exemplo, pode ser apresentado aos eleitores com o emprego do dinheiro separado nas cotas parlamentares.

Entre os produtos pagos com o dinheiro se incluem anúncios em veículos de comunicação e em redes sociais na internet; produção de materiais gráficos como jornais, folhetos e revistas; a manutenção de sites oficiais do mandato; e serviços de assessoria de imprensa.

O que são as cotas parlamentares?

A Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) foi instituída em 2001 como uma forma de unificar as antigas verbas indenizatórias. O benefício reúne os gastos com divulgação; serviços de escritório; locação de automóveis e compra de combustíveis; e passagens aéreas.

O valor da cota para cada deputado varia de acordo com o estado que ele representa e é calculado de acordo com o preço da passagem aérea para Brasília. Cada parlamentar mineiro tem acesso a R$ 41.886,51 mensais. O maior valor é o de Roraima: R$ 51.406,33 e o menor, logicamente, é o do Distrito Federal: R$ 36.582,46.

  • Passagens aéreas, incluindo o despacho de bagagens pessoais e os serviços de acesso à internet oferecidos por companhias aéreas ou aeroportos;
  • Telefones dos gabinetes, dos escritórios nos estados e dos imóveis funcionais, e as despesas com o celular funcional do deputado;
  • Manutenção de escritórios de apoio à atividade parlamentar, como locação de imóveis, energia elétrica, água e esgoto, acesso à internet, entre outros;
  • Assinatura de publicações;
  • Alimentação do deputado;
  • Hospedagem, exceto no Distrito Federal;
  • Despesas com locomoção por locação de aeronaves, veículos automotores, embarcações, táxi, pedágio e estacionamento;
  • Combustíveis e lubrificantes (limite inacumulável de R$ 9.392,00 mensais);
  • Serviços de segurança de empresas especializadas (limite inacumulável de R$ 8.700,00 mensais);
  • Divulgação da atividade parlamentar (exceto nos 120 dias anteriores à data das eleições, se o deputado for candidato);
  • Participação em cursos, congressos ou eventos, realizados por instituição especializada (limite mensal inacumulável de 25% do valor da menor cota – hoje R$7.697,17);
  • Complementação de auxílio-moradia, de acordo com o Ato da Mesa 104/88 (limite inacumulável de R$ 4.148,80 mensais).
  • Aquisição de tokens e certificados digitais.
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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.