O servidor Clebson Ferreira de Paula Vieira disse nesta segunda-feira (19) que havia um “desespero” na cúpula do Ministério da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL) durante as eleições de 2022.
Responsável pelos dados utilizados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) para mapear a movimentação de eleitores no segundo turno do pleito presidencial,
Clebson afirmou ter recebido demandas diretas da então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Ferreira de Alencar, para fazer uma análise das localidades com concentração de votos acima de 75% no então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, posteriormente, sobre a distribuição do efetivo da PRF para tomada de decisões.
O servidor disse ter observado um viés político nos pedidos feitos por Marília e decidiu guardar “provas e elementos” que pudessem ser úteis em alguma apuração sobre o caso.
“O que aconteceu no dia do segundo turno, eu já sabia que ia acontecer, pelo raciocínio. Eu só me reservei a guardar provas e elementos para uma oportunidade como essa aqui agora. Vi que uma habilidade técnica minha foi utilizada para uma tomada de decisão ilegal”, afirmou.
Clebson também informou que houve um pedido para que técnicos do Ministério da Justiça cruzassem dados de zonas eleitorais que estavam dentro do domínio da facção Comando Vermelho, no Rio de Janeiro, para tentar encontrar uma tendência de apoio a um candidato ou outro nessa área. O resultado, no entanto, foi inconclusivo.
Testemunhas no STF
Ao todo, são 81 testemunhas indicadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelas defesas dos oito réus apontados como participantes do “Núcleo Crucial” da suposta organização criminosa, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Elas devem ser ouvidas entre 19 de maio e 2 de junho.