Integrantes da ocupação do antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), na avenida Afonso Pena, região centro-sul de Belo Horizonte, compareceram à sede da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) nesta quarta-feira (07) para entregar uma contranotificação e cobrar diálogo efetivo sobre
“A gente solicitou desde as primeiras horas uma reunião com a Sedese, que é a responsável pelas obras daquele prédio, e a gente não teve nenhum retorno”, afirmou Renato, explicando que, durante o período de ocupação, o grupo organizou visitas mediadas ao espaço, recebendo mais de 300 pessoas, incluindo ex-presos políticos e militantes de direitos humanos.
“Nós abrimos o Memorial, durante quatro dias recebemos mais de 300 pessoas visitando o Memorial, com visitas mediadas, com técnicos, com pessoas que são do movimento de direitos humanos, com ex-presos políticos, para a gente, inclusive, discutir isso com a sociedade”, relatou.
Além da falta de diálogo, os ocupantes denunciam a retirada de três carros abandonados da rede SUAS - o Sistema Único de Assistência Social, estacionados no pátio do prédio, durante a tentativa de reunião na Sedese. Os carros, apesar de estarem plotados com um programa do governo federal, foram cedidos ao estado, de acordo com os manifestantes.
Sede do DOPS
O prédio, localizado na Avenida Afonso Pena, foi palco de repressão durante a ditadura militar e está tombado como patrimônio histórico. Em 2018, o governo de Minas anunciou a criação do Memorial dos Direitos Humanos Casa da Liberdade no local, mas
Em nota, a Sedese afirmou que permanece aberta ao diálogo com o movimento e que o edifício já passava por obras de manutenção antes da ocupação. A secretaria informou que finaliza as etapas administrativas e os projetos museológico e de musealização, que só poderão avançar após a liberação do imóvel.
Enquanto isso, a ocupação segue sob cerco policial, com viaturas e agentes impedindo o acesso de visitantes e da imprensa. “A polícia fica com a viatura na porta, assustando as pessoas, porque aí a pessoa não vai ter vontade de entrar em um prédio que está sendo cercado pela Polícia Militar”, afirmou Renato.
Veja a nota completa da Sedese:
“A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) reitera seu compromisso com a preservação da memória histórica e a promoção dos direitos humanos. Nesse sentido, a pasta permanece aberta ao diálogo com o movimento.
Antes da ocupação, o edifício histórico do antigo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), em Belo Horizonte, já passava por obras de manutenção para garantir a preservação do patrimônio público e viabilizar a criação do Memorial de Direitos Humanos. A Secretaria finaliza as etapas administrativas e os projetos Museológico e de Musealização, que só poderão avançar após a liberação do imóvel.
As reformas emergenciais para conservação do edifício — tombado nas esferas municipal (2013) e estadual (2015) — já foram concluídas, com melhorias estruturais e nas instalações elétricas e hidrossanitárias”.