Com 46 deputados na base, o governo Romeu Zema (Novo) vive dias difíceis na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Escalado pelo chefe do Executivo para chefiar a articulação governista por ter origem e boa relação no Parlamento, o secretário Marcelo Aro (PP) enfrenta dificuldades parecidas com as vivenciadas pelo seu antecessor, Gustavo Valadares (PMN). Mesmo com número de deputados de sobra para manter os vetos de Zema, o governo tem dado margem para a oposição fazer ‘barulho’.
Nos bastidores, deputados disseram à Itatiaia que a pauta travada por tanto tempo é um recado da ALMG ao governo. Com apenas 20 dos 77 deputados do Legislativo, o
“A prática é exatamente o que você está percebendo. A incapacidade do governo de segurar sua própria base, que também está insatisfeita pela nova condução política, mais intransigente. Então, essa intransigência, que não se aplica só na falta de diálogo com a oposição, mas num bom entendimento com a sua base, dá o que nós estamos vendo”, disse Ulysses Gomes.
Questionado pela Itatiaia sobre as dificuldades enfrentadas pela base governista, o líder do governo Zema no Parlamento, João Magalhães (MDB), disse que o regimento da Assembleia abre margem para muitos mecanismos de obstrução, artifício utilizado pela oposição para atrasar e evitar votações.
“O regimento aqui (na Assembleia) é antigoverno. Se a oposição resolver obstruir, tranquilamente gasta um dia inteiro para votar, para deixar votar um veto. Então, nós temos que ter paciência. Vamos tentar negociar, chegar a um denominador comum. Existem alguns temas que a oposição quer discutir, quer destacar e quer que a gente vote com eles. Então, isso que a gente está amadurecendo e vamos ver se até a próxima semana, ou quem sabe após o feriado, a gente possa trazer o entendimento e votar com tranquilidade os votos”, explicou Magalhães.
Nesta semana, a base conseguiu manter dois vetos do governador, mas outros quatro ainda travam a pauta.
A reportagem procurou o secretário de Governo, Marcelo Aro, e outros integrantes do primeiro escalão do Executivo para comentar as críticas da oposição, mas ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto.
Visões diferentes na base
O presidente da Assembleia, Tadeu Martins Leite (MDB), reconheceu que há deputados com visões diferentes dentro da base governista e citou como exemplo o recuo do governo no veto que poderia prejudicar, segundo a oposição, a criação de centros de referência de autistas.
“Existe (visões distintas). Cada projeto, cada veto tem a sua peculiaridade. Nós sentimos dentro do plenário a necessidade, em um acordo com todos os deputados, de fazer um avanço naquele veto, por exemplo, do Centro do Autismo no Estado de Minas Gerais”, disse.
A Itatiaia apurou que deputados governistas também estavam incomodados em votar com o governo pela manutenção do veto e eventualmente prejudicar a luta da causa autista em Minas. Após o pleito, o governo Zema autorizou a base a votar para derrubar o veto e disse sensibilizou com o tema.
Tadeuzinho admitiu que o governo poderia derrotar a obstrução da oposição. Mas concordou com o líder João Magalhães de que a votação poderia se arrastar por horas no Parlamento devido aos mecanismos de obstrução.
"É claro que a gente tem que entender que, porventura, a obstrução que a oposição fez e faz, de uma certa forma, poderia ser vencida, mas depois de muito tempo. Os deputados certamente ficariam sete, oito, nove horas ainda pelo kit de obstrução, digamos assim, que a oposição fez e, repito aqui, de forma legítima no Parlamento, para que a gente conseguisse votar os vetos”, complementou.