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Por falta de acordo, vetos de Zema travam pauta na ALMG por quase três semanas

Na teoria, base de Zema na Casa tem 46 parlamentares, mas, na prática, governo não consegue manter base para manter os vetos e culpa a obstrução da oposição

Pauta da ALMG permanece travada por conta da não votação dosa vetos de Zema

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais caminha para fechar a terceira semana sem votar nenhum projeto. Dos seis vetos do governador Romeu Zema (Novo) que travam a pauta, apenas dois foram votados nesta semana.

A oposição utiliza todos os mecanismos de obstrução para atrasar e tentar desidratar os vetos de Zema — tirar pontos que considera lesivos ao Estado. No entanto, o bloco de oposição é formado por apenas 20 deputados. Com a saída dos 11 parlamentares do PL que agora formam uma bancada independente, a base de Zema conta com 46 parlamentares — número suficiente para formar quórum e manter os quatro vetos do governador. Na prática, no entanto, o Executivo não tem conseguido colocar e manter os parlamentares governistas para defender os vetos de Zema.

Questionado pela Itatiaia sobre a dificuldade enfrentada pelo governo, o líder de Zema no Parlamento mineiro, deputado João Magalhães (MDB), diz que o regimento da ALMG, que garante vários mecanismos de obstrução, favorece a atuação da oposição. Segundo ele, com a estratégia utilizada pela oposição, eles conseguiriam arrastar a votação de um único veto por um dia inteiro. A oposição diz que está cumprindo com o seu papel de diferentes causas que considera importantes.

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Nessa terça-feira (8), a base governista conseguiu manter dois vetos de Zema. O veto 18/2025 referente ao projeto de lei 26.033/2024, que proíbe repasse ao consumidor dos custos com emissão de boleto, carnê e outros documentos de cobrança, foi mantido por 40 votos a 15. O veto 19/2025 refere-se ao projeto de leite 26.129, que dispõe sobre a revisão do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) 2024-2027 para 2025.

Com a manutenção de dois vetos, o governo demonstrou otimismo nos bastidores. João Magalhães classificou o resultado como fruto de “uma base que trabalha em diálogo constante com o governo”. No entanto, a união entre base e governo não foi percebida na votação desta quarta. Mesmo com maioria no Legislativo, a ala governista não conseguiu demonstrar força no Parlamento para manter os quatro vetos que estavam na pauta do dia.

A oposição continuou utilizando os mecanismos de obstrução para atrasar a votação. O presidente da Assembleia, deputado Tadeu Martins Leite (MDB), abriu a reunião das 10h da manhã desta quarta-feira, mas suspendeu pouco tempo depois para entendimento. Esse mecanismo é utilizado para tentar chegar a um acordo sobre as votações. No entanto, interlocutores disseram que as discussões entre as lideranças de governo e oposição estão caminhando longe de um entendimento em comum.

Magalhães defende o argumento do governo de que a manutenção dos quatro vetos é necessária. A oposição discorda e briga para derrubar os vetos. Segundo eles, os vetos prejudicam áreas sensíveis do Estado como

Veto de Zema sobre centros referência de autismo causou desgaste

A polêmica girou em torno do veto 19/2025, referente ao Projeto de Lei 26.129/2024. O texto dispõe sobre a revisão do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) 2024-2027 para 2025. O texto principal do veto foi mantido por 39 a 18.

No entanto, um dispositivo vetado por Zema provocou indignação da oposição. O trecho dizia respeito à criação de Centros Regionais de Atendimento de Pessoas com Autismo em Minas Gerais. A oposição subiu o tom e ressaltou que o veto de Zema prejudicaria a criação dos centros.

A oposição classificou o tema como relevante e disse que ele merecia ser votado separadamente como destaque. Pouco antes da votação, o governo mudou a orientação referente ao inciso que tratava do assunto. A oposição aponta que o governo percebeu que perderia a votação e decidiu recuar.

A oposição classificou o recuo determinado pelo Executivo como a primeira derrota do secretário de Governo, Marcelo Aro (PP). Aro assumiu recentemente a articulação do governo após a gestão Zema sofrer derrotas políticas na gestão do então secretário Gustavo Valadares (PMN), que deixou o cargo no início deste ano.

“Classifico a votação como uma derrota clara do governador Zema e do seu secretário de Governo (Aro), que foram impositivos e intransigentes a qualquer tipo de acordo nesta casa. Até minutos antes dessa votação, o recado do governo era para não derrubar nenhum veto, nem destaque”, disse o líder da oposição, deputado Ulysses Gomes (PT).

Governo nega derrota e diz que Aro recuou por sensibilidade com causa autista

João Magalhães (MDB), por sua vez, afirmou que Marcelo Aro, que tem forte ligação com a defesa dos autistas, se sensibilizou com o pleito da sociedade e de deputados da base que também defendem a causa. Diante disso, autorizou que os governistas poderiam votar com a oposição para vetar o trecho do texto que poderia causar reflexos na criação dos centros de referência.

“Ao longo da análise das matérias, chegamos ao consenso de que o inciso 124, que constava no Veto 19, precisava ser reavaliado. O resultado veio com orientação do governador Romeu Zema pela derrubada deste inciso, sob esforços do secretário de Governo Marcelo Aro e de deputadas e deputados que atuam de forma comprometida na defesa das pessoas com deficiência, autistas e doenças raras”, disse o líder de governo, João Magalhães (MDB), que não aceitou dar entrevista e apenas divulgou uma nota analisando a votação.

Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.