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João Marcelo detalha andamento das obras para melhorar o trânsito entre BH e Nova Lima

Prefeito de Nova Lima afirmou que obras são feitas em acordo com MP e que já houve audiência pública; deputada apresentou questionamento sobre impacto em comunidades quilombolas

O prefeito de Nova Lima, João Marcelo Dieguez (Cidadania), reafirmou à Itatiaia nesta terça-feira (4) que o projeto Parque da Linha Férrea, conjunto de obras de mobilidade na divisa entre Nova Lima e Belo Horizonte que tem como objetivo desafogar o trânsito e reduzir o fluxo de veículos na região, tem seguido as premissas do acordo assinado em junho do ano passado no Ministério Público de Minas Gerais. Dieguez explicou que o projeto ainda está na fase de debates, e que o licenciamento da obra, assim como a avaliação de eventuais impactos ambientais e culturais, previstas no acordo, acontecerão posteriormente.

A discussão sobre as intervenções voltou à tona após a deputada federal Duda Salabert (PDT) acionar o Ministério Público Federal e o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania alegando que três comunidades quilombolas — Manzo Ngunzo Kaiango, dos Luízes e Souza — não estariam sendo ouvidas nas discussões do projeto. A parlamentar argumenta, ainda, que os quilombos estariam localizados na área de impacto das obras.

Porém, segundo o prefeito, os estudos e avaliações ambientais e culturais do espaço ainda serão discutidos futuramente. "É preciso compreender o processo, como ele se dá. Primeiro, foi feito um acordo no Ministério Público entre as prefeituras, com o governo do Estado, com a União, que é a proprietária da área, e liderado pelo Ministério Público. Nele, estabeleceram-se algumas premissas para desenvolver o projeto. Nestas premissas estão o Parque Linear, a preservação do leito da linha férrea, o não adensamento populacional nas áreas lindeiras e a tão esperada solução de mobilidade”, explicou.

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Sem ‘nós’ contra ‘eles’

De acordo com o prefeito, os benefícios trazidos pelas obras serão para “todos”, independentemente da classe social. “A diferença é que o rico está dentro do carro dele, no ar-condicionado, ouvindo música, enquanto o pobre está num transporte público, precário, precisando se locomover para chegar no trabalho, na escola, no atendimento hospitalar. Nossa luta é exatamente por essas milhares de pessoas que sofrem diariamente com o trânsito naquela região”, conta.

A denúncia de Salabert ainda alega que as prefeituras estariam violando a convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que prevê uma consulta livre, prévia e informada a comunidades tradicionais afetadas sempre que alguma obra, ação, política ou programa, seja público ou privado, for acontecer em seus respectivos territórios.

O que dizem os quilombolas

A presidente da Associação do Quilombo Manzo, Makota Kidoialê, disse que os quilombolas não são contra as obras, mas querem ter maior participação nas discussões. "É a mesma coisa de alguém perguntar se pode entrar na sua casa e você, antes de dizer se permite ou não, vai querer saber o que será feito. É isso, queremos saber o que a empresa fará dentro dessa área que é espaço de preservação da comunidade quilombola”, explicou.

Conforme o município, o termo de acordo preliminar de junho de 2024 prevê a proteção do meio ambiente e preservação do patrimônio ferroviário. O projeto do Parque da Linha Férrea irá transformar a antiga linha de trem que liga os bairros Vila da Serra, em Nova Lima, e Belvedere, em BH, em um espaço verde dedicado ao lazer e a preservação ambiental.

Kidoialê alega que nenhum representante do quilombo Manzo participou da primeira reunião, feito pela prefeitura de Nova Lima, porque não foram comunicados sobre o encontro público.

População acredita que acesso trará melhorias

Para alguns moradores e trabalhadores da região, ouvidos pela Itatiaia, o projeto pode beneficiar a população reduzindo, inclusive, o tempo gasto no deslocamento.

Lídia Maria, que trabalha como cuidadora, conta que vê a construção da Linha Férrea com “esperança” e que espera que as obras comecem “quanto antes”. “Está horrível o trânsito aqui. Cada dia que passa fica pior e agora, com a volta às aulas, piora mais. A esperança, né, estamos aguardando, essa via”, declarou.

A reportagem conversou também com Carlos Seabra, gráfico que passa pelo local quase todos os dias. Ele também diz que acredita que o projeto será positivo. “Acharia excelente [a criação do acesso entre Nova Lima e BH] porque lá em cima, perto da entrada do BH Shopping, região do Belvedere, ‘agarra’ mesmo”, explicou.


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Editor de Política. Formado em jornalismo pela Newton Paiva e pós-graduado em comunicação empresarial pela Universidad de Barcelona (ESP). Já trabalhou no Lance!, no Diários Associados e em O Tempo.
Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.
Edilene Lopes é jornalista, repórter e colunista de política da Itatiaia e podcaster no “Abrindo o Jogo”. Mestre em ciência política pela UFMG e diplomada em jornalismo digital pelo Centro Tecnológico de Monterrey (México). Na Itatiaia desde 2006, já foi apresentadora e registra no currículo grandes coberturas nacionais, internacionais e exclusivas com autoridades, incluindo vários presidentes da República. Premiada, em 2016 foi eleita, pelo Troféu Mulher Imprensa, a melhor repórter de rádio do Brasil.
Tem mais de 27 anos de experiência jornalística, como gestor de empresas de comunicação em Minas Gerais. Já foi editor-chefe e apresentador de alguns dos principais telejornais do Estado em emissoras como Record, Band e Alterosa, além de repórter de rede nacional. Foi editor-chefe do Jornal Metro e também trabalhou como assessor de imprensa no Senado Federal, Tribunal de Justiça de Minas Gerais e no Sesc-MG. Na Itatiaia, onde está desde abril de 2023, André é repórter multimídia e apresentador.