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Mineiros precisam trabalhar por cinco meses para tirar carteira de habilitação

O levantamento feito pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) apontou também que estados da região Norte e Nordeste precisam trabalhar, em média oito meses, para tirar CNH

Governo tenta aprovar proposta que garante CNH mais acessível.

Quem mora em Minas Gerais precisa, em média, trabalhar até cinco meses para custear a primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH), segundo levantamento feito pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), vinculada ao Ministério dos Transportes.

A pesquisa considerou que cada família destine até 30% da renda mensal — considerado o limite saudável — para iniciar o processo de retirada da primeira carteira de motorista.

Em Minas, o valor médio para tirar a CNH nas categorias A e B é de R$ 2.998,57, enquanto a renda média per capita no estado é de R$ 2.001. Separando 30% da renda para a habilitação, o mineiro demora cerca de cinco meses para juntar o valor necessário.

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Em estados das regiões Norte e Nordeste, como Acre e Bahia, esse tempo aumenta para oito meses.

No Acre, por exemplo, o levantamento aponta que o valor médio do processo de habilitação é de R$ 3.302,33, enquanto a população ganha, em média, R$ 1.271, demorando cerca de oito meses e meio para acumular o dinheiro da CNH.

EstadoValor da CNH A+BRenda média per capitaMeses de renda comprometendo 30%
AcreR$ 3.302,33R$ 1.2718,66
BahiaR$ 3.467,83R$ 1.3668,46
AmazonasR$ 2.706,67R$ 1.2387,29
MaranhãoR$ 2.300R$ 1.0777,12
PernambucoR$ 2.870,50R$ 1.4536,58
CearáR$ 2.315,50R$ 1.2256,30
AmapáR$ 2.800R$ 1.5146,16
RoraimaR$ 2.744,32R$ 1.5385,95
Rio Grande do SulR$ 4.437,77R$ 2.6085,67
Mato Grosso do SulR$ 3.525R$ 2.1695,42
Minas GeraisR$ 2.998,97R$ 2.0015,00
TocantinsR$ 2.496,33R$ 1.7374,79
SergipeR$ 2.110,57R$ 1.4734,78
Rio Grande do NorteR$ 2.290R$ 1.6164,72
PiauíR$ 1.788,50R$ 1.3504,42
Santa CatarinaR$ 3.404,36R$ 2.6014,36
ParáR$ 1.750R$ 2.4844.34
ParanáR$ 2.913,33R$ 2.4823,91
Mato GrossoR$ 2.372,53R$ 2.2763,47
RondôniaR$ 1.766,67R$ 1.7173,43
AlagoasR$ 1.350R$ 1.3313,38
ParaíbaR$ 1.366,67R$ 1.4013,25
GoiásR$ 1.880R$ 2.0982,99
Rio de JaneiroR$ 2.166R$ 2.4902,90
Espírito SantoR$ 1.433R$ 2.1112,26
Distrito FederalR$ 2.132,67R$ 3.4442,06
São PauloR$ 1.433,33R$ 2.6621,79

Projeto do governo federal quer deixar CNH mais acessível

Por meio do Ministério do Trabalho, o governo Lula (PT) lançou a proposta intitulada “CNH mais acessível”, que visa democratizar o acesso à primeira habilitação.

O projeto está em consulta pública na plataforma Participa + Brasil, onde os cidadãos podem enviar sugestões. Em seguida, a proposta será analisada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran).

Atualmente, cerca de 77% do valor total usado para tirar a habilitação é destinado às autoescolas. A expectativa do governo é que os custos possam cair em até 80%, chegando a cerca de R$ 645.

Segundo o Ministério dos Transportes, cerca de 54% da população — aproximadamente 100 milhões de brasileiros — não possui habilitação, e 32% manifestam interesse em obter a CNH, mas apontam os altos preços como principal obstáculo.

Caso a proposta seja aprovada, o novo modelo começará pelas categorias A (motocicletas) e B (veículos de passeio). Em uma segunda fase, as categorias C, D e E também poderão ser incluídas.

Com a mudança, a abertura do processo será feita pelo site da Senatran ou pelo aplicativo Carteira Digital de Trânsito (CDT). As autoescolas não deixarão de existir, mas terão função diferente da atual: a formação teórica poderá ser realizada também em formato de ensino à distância (EAD), e a exigência de carga horária mínima de 40 horas/aula teóricas e 20 práticas deixará de existir.

As aulas práticas poderão ser feitas nas autoescolas ou com instrutores independentes, desde que credenciados pelos Detrans.

O número de aulas será definido pelo próprio candidato.

As provas teórica e prática, no entanto, continuarão sendo obrigatórias.

Jornalista pela UFMG, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já atuou na produção de programas da grade, apuração e na reportagem da Central de Trânsito Itatiaia Emive. Atualmente, contribui como repórter na editoria de política.