Óleo ‘mais grosso’ não é recomendável em motor com alta quilometragem

Ao contrário do que é amplamente divulgado, nem sempre é preciso utilizar óleo lubrificante de maior viscosidade no motor

Óleo baixando é sintoma comum de motor muito rodado

De acordo com o mais recente mapeamento do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), a idade média dos veículos no Brasil é de 10 anos e 11 meses, dois anos mais velhos do que a frota registrada em 2015, cuja idade média era de 8 anos e 10 meses. O envelhecimento é resultado de uma série de fatores que envolvem desde as dificuldades no acesso ao crédito até o custo dos veículos 0 km, que levam os consumidores a recorrerem ao mercado de carros usados.

Por esse motivo, a maioria dos carros circulando hoje no Brasil possui uma quilometragem alta e, portanto, necessitam de cuidados e manutenções específicas. E tem um dado alarmante divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF): 30% dos acidentes em rodovias são causados por veículos rodando em más condições.

E um mito comum envolvendo veículos com alta quilometragem é a necessidade de se usar óleo lubrificante de maior viscosidade no motor (óleo “mais grosso”). Segundo José Cesário Neto, coordenador de Capacitação e Suporte Técnico dos Lubrificantes Mobil, o maior desafio de veículos mais antigos não é a quilometragem em si, mas as tecnologias deles, que são diferentes dos modelos atuais.

Idade média da frota brasileira já passou dos 10 anos

“Existe uma ideia popular de que, se o seu carro é mais velho, você deve usar um óleo mais viscoso. Mas isso não é necessariamente verdade”, aponta o coordenador Mobil. Segundo ele, a recomendação é sempre seguir as especificações indicadas no manual do proprietário.

Neto ainda explica que as montadoras realizam milhares de testes antes de determinar o lubrificante ideal para cada motor, levando em conta temperatura, pressão e o tipo de uso do carro, seguindo padrões internacionais (como SAE, API e ACEA), garantindo a performance e a durabilidade previstas pelo fabricante.

Nível de óleo baixando exige reparo

Nível do óleo baixando mais do que o normal demanda reparo do motor

O uso do óleo correto pode representar a diferença entre prolongar a vida útil do carro e antecipar reparos caros. “Independentemente da quilometragem do veículo, o uso de um lubrificante com características alinhadas com a recomendação da montadora mantém o nível de proteção e bom funcionamento do motor. É importante respeitar o intervalo de troca indicado e sempre usar filtros novos. Caso o motor esteja com um consumo anormal de óleo, a conduta correta é levar o veículo para uma oficina especializada para que sejam avaliados os possíveis causadores desta anormalidade. Utilizar um óleo mais viscoso não vai resolver o problema”, reforça Cesário Neto.

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Felipe Boutros sempre foi fã de carros: cresceu lendo as revistas do gênero e fez jornalismo para atuar no setor - no qual está há 20 anos. Cobriu os principais salões do automóvel do mundo. Trabalhou nos jornais O Tempo, Hoje em Dia e, hoje, é editor-chefe no AutoPapo. Na Itatiaia, colabora com a seção Auto!

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