O governador Romeu Zema (Novo) afirmou, nesta sexta-feira (10), que está havendo uma tentativa de sabotar a construção do Rodoanel Metropolitano de Belo Horizonte e questionou a veracidade de comunidades originárias que se dizem ser afetadas pela obra.
Na quarta-feira (8),
A ação civil pública pedindo a suspensão da obra foi ajuizada pela Federação das Comunidades Quilombolas do Estado de Minas Gerais.
A entidade alega que “a construção do Rodoanel pode causar danos sociais irreparáveis, tais como remoções de comunidades inteiras, destruição de sítios arqueológicos ou de importância cultural, desestruturação de modos de vida tradicionais, além do aumento de situações como ameaças, violências diversas e até extermínio”.
Zema lamentou a decisão da Justiça Federal e afirmou que a obra é a principal solução para desafogar o trânsito do Anel Rodoviário de BH e melhorar a mobilidade na Região Metropolitana.
“Quem acompanha o trânsito na Região Metropolitana de BH sabe que vivemos um caos. Principalmente no Anel Viário. O Rodoanel vem para resolver esse problema. Vai tirar milhares de caminhões e veículos pesados que transitam no Anel. Além do trânsito pesado, temos acidentes e mortes. Parece que tem gente contente com esse problema. Ser contrário ao Rodoanel é ser favorável a mais congestionamento, a mais acidentes, a mais feridos e a mais mortos”, afirmou Zema.
Zema questiona comunidades tradicionais
“Fizemos todos os procedimentos que a legislação exige, escuta às comunidades tradicionais, mas não temos o poder de convocar, essa escuta tem que ser voluntária. Estamos vendo pessoas da esquerda indo e dizendo para essas comunidades não se manifestarem. Até o momento, a comunidade mais próxima do Rodoanel está há 1,5 quilômetro aproximadamente. Com essa distância, ninguém escuta carro ou caminhão. O que nós recebemos foram solicitações de obras que não tem nada a ver com medidas compensatórias. Estamos dispostos a avaliar qualquer forma de afetação nas comunidades, mas ninguém se manifestou, mas trouxeram uma lista de solicitação querendo obras e asfalto, o que está totalmente fora do escopo. Eu ainda questiono se algumas comunidades que se dizem tradicionais realmente o são. Parece que tem só a certidão, mas não tem nada que efetivamente a caracterize”, questionou o governador.
“Está havendo uma sabotagem ao Rodoanel Metropolitano e quem paga a conta são os quase 5 milhões que moram na Região Metropolitana de BH, que vão continuar convivendo com poluição, congestionamentos, acidentes e mais mortes. Lamento profundamente que a questão esteja sendo tratada de maneira ideologizada, sem considerar os impactos positivos que a região teria. É por isso que o Brasil não avança. Aqui, quem quer trabalhar enfrenta obstáculos, agora o crime organizado e quem quer roubar dos velhinhos tem o caminho aberto”, concluiu Zema.
Comunidade dos Arturos
Uma das comunidades afetadas pela obra, que questiona o projeto do Rodoanel, é a Quilombola dos Arturos, que vive em Contagem desde o início do século passado.
Segundo o próprio governo de Minas, em página da Secretaria de Turismo, “a comunidade descende de Camilo Silvério da Silva, que em meados do século 19 chegou ao Brasil num navio negreiro vindo de Angola”.
“Do Rio de Janeiro, Camilo foi enviado a Minas Gerais para trabalhar num povoado situado na Mata do Macuco, antigo município de Santa Quitéria, hoje Esmeraldas. Neste povoado, trabalhou nas minas e como tropeiro nas lavouras. Casou-se com uma escrava alforriada chama Felismiba Rita Cândida. Dessa união nasceram seis filhos. Entre os irmãos, Artur Camilo Silvério foi o que mais prosperou. Nasceu em 1885, época da Lei do Ventre Livre e casou-se com Carmelinda Maria da Silva. Os dois tiveram 10 filhos e vieram morar em Contagem, na localidade conhecida então conhecida como Domingos Pereira, onde adquiriram a propriedade na qual ainda vivem seus descendentes”, diz a informação do governo estadual.
Na quinta-feira (9), a
“O estado dialogou pouco, não dialogou com as comunidades tradicionais de vários municípios, inclusive com a comunidade Quilombola do município de Contagem, que é a comunidade dos Arturos. Motivo, inclusive, que a Federação dos Quilombolas entrou com a ação civil pública contra o licenciamento que foi feito pelo Estado de Minas Gerais. E agora, a liminar deu favorável para suspender o licenciamento. Nós apoiamos isso”, disse a prefeita.