Ouvindo...

Lula critica acordo entre Mercosul e UE firmado em 2019: ‘As condições que herdamos eram inaceitáveis’

Presidente defendeu as mudanças feitas para que o acordo fosse finalizado nesta sexta-feira (6), durante a reunião de cúpula de líderes do Mercosul, no Uruguai

Em seu discurso na cúpula de líderes do Mercosul, realizado nesta sexta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou as condições herdadas no negócio entre o bloco sul-americano e a União Europeia (UE), em 2019. À época, os blocos conseguiram alcançar um acordo inicial, mas o texto passou por diversas alterações até que fosse pactuado.

“As condições que herdamos eram inaceitáveis. Foi preciso incorporar ao acordo temas de relevância para o Mercosul. Conseguimos preservar nossos interesses em compras governamentais, o que nos permitirá implementar políticas públicas em áreas como saúde, agricultura familiar, ciência e tecnologia”, alegou o presidente.

Por parte dos europeus, a principal crítica vinha dos agricultores, principalmente os franceses, que alegam uma competição injusta com os produtos sul-americanos devido a regras sanitárias e de proteção ao meio ambiente desiguais entre os blocos.

Do lado sul-americano, o acordo também era alvo de críticas. Apesar da possibilidade de abertura de novos mercados, especialistas apontavam o risco com a concorrência vinda da Europa em produtos manufaturados, como carros, por exemplo.

“Alongamos o calendário de abertura do nosso mercado automotivo, resguardando a capacidade de fomento do setor industrial. Criamos mecanismos para evitar a retirada unilateral de concessões alcançadas na mesa de negociação. Estamos assegurando novos mercados para as nossas exportações e fortalecendo os fluxos de investimentos”, disse Lula sobre as mudanças no texto final do acordo.

“Após dois anos de intensas tratativas, temos hoje um texto moderno e equilibrado, que reconhece as credenciais ambientais do Mercosul e reforça nosso compromisso com os Acordos de Paris”, celebrou o presidente.

Antes do discurso do presidente Lula, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que o acordo é uma ‘Vitória para a Europa’, e que mais de 30 mil pequenas empresas dos países europeus serão beneficiados, podendo agora exportar para os países que integram o grupo de nações sul-americanas.

A cerimônia ocorreu na cidade de Montevidéu, no Uruguai, durante a cúpula do Mercosul.

Na ocasião, estavam presentes presidentes de países do bloco sul-americano como Javier Milei (Argentina), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Santiago Peña (Paraguai), além do anfitrião, Luis Lacalle Pou (Uruguai), além da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen.

Leia também

25 anos de negociações

Desde 1999, Mercosul e União Europeia (UE) trabalham na construção de um acordo de livre comércio entre os dois blocos. As conversas foram retomadas nesses últimos meses a pedido da Comissão Europeia, que determina a política comercial para toda a UE.

Embora um acordo inicial tenha sido firmado há cinco anos, a medida não havia sido implementada até então devido à pressão dos europeus. Alguns países da UE, especialmente a França, são contrários à abertura do mercado que favoreceria os competidores do Mercosul.


Participe dos canais da Itatiaia:

Jornalista nascida na capital federal. Graduada pelo Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), foi editora de política nos jornais O Tempo e Poder360. É especializada em Língua Portuguesa e Revisão de Texto. Na Itatiaia, é Supervisora de Conteúdo desde fevereiro de 2024.
Repórter da Rádio Itatiaia em Brasília atuando na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas Gerais, já teve passagens como repórter e apresentador pela Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor do prêmio CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio.
Leia mais