O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou, em entrevista à revista Veja publicada nesta sexta-feira (22), que tenha tido conhecimento do suposto plano para assassinar autoridades, revelado pela Polícia Federal (PF) na última terça-feira (19). De acordo com a investigação, militares próximos ao governo de Bolsonaro teriam elaborado um esquema para matar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente da chapa, Geraldo Alckmin (PSB) em 2022.
Bolsonaro afirmou que jamais discutiu ou endossaria um plano para cometer homicídios ou promover um golpe de Estado. “Lá na Presidência havia mais ou menos 3.000 pessoas naquele prédio. Se um cara bola um negócio qualquer, o que eu tenho a ver com isso? Discutir comigo um plano para matar alguém, isso nunca aconteceu”, declarou.
O ex-presidente, que faz parte do grupo de 37 pessoas indiciadas pela Polícia Federal na quinta-feira (21) por tentativa de golpe de estado, também destacou que as propostas discutidas após sua derrota nas eleições de 2022 sempre se restringiam a medidas previstas na Constituição. “Eu jamais compactuaria com qualquer plano para dar um golpe. Quando falavam comigo, era sempre para usar o estado de sítio, algo constitucional, que dependeria do aval do Congresso”, afirmou.
As chamadas “minutas golpistas”, documentos apreendidos pela PF, indicam a intenção de decretar medidas de exceção, como estado de defesa e estado de sítio, para impedir a posse de Lula. Bolsonaro sustenta que nunca buscou uma ruptura democrática, argumentando que as ações, previstas na Constituição, necessitariam de aprovação legislativa.
Trama envolveu militares
Entre os investigados está o general da reserva Mario Fernandes, que, segundo a PF, guardava em um HD externo o plano para assassinar autoridades. Em mensagem de 8 de dezembro de 2022, Fernandes teria dito ao tenente-coronel Mauro Cid que havia conversado com Bolsonaro na véspera, e o ex-presidente teria afirmado que “qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro”.
A PF indiciou Bolsonaro e outras 36 pessoas na última quinta-feira (21), acusando o grupo de crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado democrático de Direito. Entre os investigados estão os ex-ministros militares Braga Netto e Augusto Heleno.
Agora, o relatório da PF será analisado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se apresentará denúncia contra os envolvidos ao STF.